O  AMIGO



Amanhecia,
e no lugar de galos
os carros cantavam lá fora,
uma estrela de plástico ainda brilhava
no céu do meu quarto.


Eu sonhei com um riacho
e fui me banhar,
abri o chuveiro e a água clorada,
fluoretada, lavou-me e desceu pelo ralo
em direção ao rio biodegradável.


Tomei um pouco de café  ( a vácuo ),
extremamente natural e saí
para um passeio pelo campo metropolitano.


Havia um sabiá cantando
nos galhos de um grande edíficio,
havia um mendigo com a boca aberta
e nada dentro.


Ví também um cidadão importante,
( do tipo que acredita que nunca vai morrer )
estava muito apressado,
e naturalmente não me viu.


Não importa...
Eu procurava um amigo e te achei,
fico muito feliz por tê-lo encontrado.







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(1987)
na web em
15/08/2008