Uma dor amiga...

"Ainda hoje, mais uma vez fui humilhada!

Hoje, vésperas do meu aniversário!

Ironia, das ironias, talvez não devesse ter nascido!

Meu pai, minha mãe, não têm culpa,

Não sabiam o que me esperava!

Já me propus a tudo:

A limpadeira, a brunideira, a secretária, a arrumadeira,

a peixeira, a padeira, ainda não a feiticeira, quem sabe um dia,

talvez!

Sou daqueles casos que caiu da escada, não daqueles casos

que desceu degraus, caí da escada mesmo!

Já nem sei onde elas estão! Qual era o seu tamanho, o seu volume...

Loucura não era!

Agora, já tudo é efectivamente louco, sem rumo, sem passagem,

sem miragem, sem ponte, sem viaduto, sem auto-estrada...

Com montes, com flores, com árvores, com pedras, com saudades...

Do que era antes, do antes perfeito, incrível, maravilhoso,

Eu, eu mesma, na máxima plenitude.

Perto de Xanax, recusando sempre, perto de Prozac, consciente,

Sei lá, morrerei devagar, nesta humilhação humana, desumana,

maluca, inconsequente, inexplicável..."

Que Deus te proteja, minha amiga, por tanta resistência à vida!

É o meu, mais profundo, desejo.

Abraço-te com amizade, com muita força, com muita dor...

Vénus Ad Extremum
Enviado por Vénus Ad Extremum em 18/10/2010
Reeditado em 18/10/2010
Código do texto: T2563457
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