BANZAI

Seis copos, doze mãos

Cervejas aloiradas à mesa

Conversa franca, rara e cara

Tempo desnudo, desopilado

E tu que te irias

Para mais além ainda

De aquelas terras mais frias...

Transitória despedida

De inseparáveis camaradas

O último papo aberto, sôfrego, direto

Derradeiros momentos, uma foto

De nós, juntos, rindo, de nossas vidas

Do que se foi, do que viria...

...E como veio...

O momento infindo, findo...

Seco ao calor do meio

Tal a cevada dos copos

Após o furor das goladas

De nossas bocas sem freio

O brinde final, do grupo borracho

Esculacho em tom de deboche

- “Banzai”!!

(O cachecol que esqueceste à mesa

Eu o guardei, amigo,

Teu cachecol vermelho,

O “caracol comprido”,

Esgargalado apelido,

Está ao jazigo do meu pescoço...)

Vez por outra ainda abro uma cerveja

Encosto a saudade em tua lã, à orelha

E grito “banzai” de novo

Vertendo um vasto gole

Com a mente diluída

Naquele dia só nosso de lá de atrás...

De algum modo convindo

Sinto que tu, também, bradas

E responde à intimada

Com teu abilolado jeito mudo - Banzai!

Teu copo de lúpulo e cevada, aqui,

Sempre aguardará, cevado, teus dedos.