O ENIGMA DA FELICIDADE

Seus olhos cansados, à espera da luz,

À espera do sonho que será descrito...

Antes, poderia dizer que o silêncio induz

Qualquer pensamento ultrapassando o grito

Da vida, em si, tão misteriosa quanto imprevisível...

Mas, agora, enquanto as palavras escapam sós,

E flutuam pelos séculos de sentimentos,

Não sei por onde andarão, tão lentos,

Os reflexos de tudo que já fomos nós...

E por onde andarão seus risos mais dispersos,

Refletidos pelo espelho da luz que acalma

Toda a essência que reveste a alma,

Na ciência inexplicável de tantos universos ?

E por onde andarão os sentimentos puros,

Além da dimensão de qualquer matéria,

Além de rasos dias obscuros,

Como frágeis vasos de qualquer pilhéria ?

Sim, eu sei que seus olhos já se cansam

De tanta imundície que há no mundo,

Como se a perspectiva do olhar profundo

Desabasse toda pela superfície...

E, por isso mesmo, é preciso ver

Algum sentido que a sabedoria invade,

Algum resquício da dimensão do ser

Que decifre o enigma da felicidade.

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