AMIGO DESCONHECIDO

Arrasto nos olhos o desconhecido,

cultuando-o como a um deus amigo,

mas meus amigos o são apenas por instantes.

No banho recupero minha libido,

derrubando uma vontade insípida

de me atirar ao chão, urrando possesso.

Possuir a terra,

para que em seu ventre brote uma ninfa

filha minha, minha própria vida.

A morte faria

de seu antigo ventre o leito,

onde dilacerado o corpo seria.

A noite, sobre seu jazigo,

dançaria nu,

(prostrado talvez)

com a chuva a embalar-me os passos.

Então, finalmente,

em seus lábios

semearia orquídeas...