Amadurecer
Eu nasci semente
Aos poucos fui me autopercebendo
Demoraram muitos amanheceres
E muitas noites acordado
Para entender que me tornara árvore
Então compreendi que preciso tanto do Sol quanto da Lua
A fotossíntese me renovou com as experiências que vivi
Meu tronco tem cicatrizes
Estas marcas são vitórias hoje em dia
Não vou dizer que por causa delas, nenhuma lágrima derramei
Mas o sal não me secou
Fui hidratando meus galhos com estas águas que deixei cair
Agradeço também pelo adubo que recebi de outras árvores
Cada uma, ao seu modo, deu-me um pouco de si para me sustentar
Com isso pude crescer
Fiquei maior do que muitas
O que não me livra de, às vezes, ainda me sentir pequeno
Aos poucos, fui me podando, até aprender a não me comparar
Para entender que sou único
E saber que os frutos que produzo, nenhuma o fará
Nem por isso sou mais doce ou menos amargo do que as outras
Todos temos galhos com as nossas próprias sinuosidades
Agentes internos e externos
Calor e chuva foram necessários
Eu não gosto nem de um nem do outro
Mas sei que são necessários para viver
E apesar das minhas raízes estarem acomodadas em um belo jardim
Devo - eu mesmo - arrancá-las para fora
Pois é o mesmo calor e chuva que garantem o meu crescimento
Somos árvores com raízes flutuantes
Para podermos decidir aonde iremos fixá-las
Sem pensar no tempo necessário para isso
Cada uma há de ter o seu próprio
Observe as antigas
A sabedoria delas garantem nossa sobrevivência
Vi que o tempo se encarrega em nos mostrar o momento exato
E que há certas coisas em nossas vidas que só podemos aceitar
Como quando uma de nossas árvores é escolhida pelo Grande Jardineiro
Entender que elas irão fortalecer a nossa base
Serão fortaleza para nossas raízes
Não te preocupes com os caminhos e escolhas que tomaste e tomarás
O Vento sabe por onde guiar as tuas folhas
Até lá, que eu possa ensinar um pouco mais do pouco que aprendi
De mim e sobre mim
Dos outros e sobre os outros
Do pouco que sei sobre o que é ser uma árvore
Do pouco que sei sobre o que é...
Amadurecer