A minha nebulosa inquietação…
Nos meus mistérios genéticos
Sou uma mistura
De densidade
Com transparecia
Que quem me estima
Tenta compreender
Em vão
Apenas uma Borboleta
Que amo
Como amo as estrelas
As palavras
A vida
Em mim consegue
Ver as coisas
Que os outros tentam ver
De forma infrutífera
Porque não as consigo
Traduzir
De mim
Até ao mundo
Por muito que o tente
O meu ser falha
E eu lamento tal
Porque embora raramente esteja na totalidade
Sei que essas pessoas que me estimam
Estão comigo…
E eu amo tanto
Com tal intensidade
E eu sou tão fraterno
Tão camarada
Tão amigo
Que tenho que me afastar
Pois não consigo
Lidar com isso…
E eu tenho vontade
De contar tudo o que sou
Ao mundo
Tenho vontade
De revelar
Tudo
Tudo
Tudo
Mas não consigo
E ao mesmo tempo
Não quero
Para não me magoar…
E eu tenho vontade
De estar com alguém
Para sempre
Mas tenho um medo pavoroso
Do afecto
Que tenho para dar
Tenho para receber
E assim
Estou remetido
Sozinho
Ao grande palco da vida
Que aproveito
E tento aproveitar
Na sua total dimensão
Embora ninguém perceba
E esta
É a minha forma
De dizer
De sentir
A solidão
A minha forma de dizer
Que estou e estarei sempre
Com quem me estima
À minha maneira
“so far so near…”
A minha nebulosa inquietação…