Taciturno cantinho.

Há um taciturno cantinho, desocupado, vago, desprezado e emocionalmente combalido,

ele foi construído a quatro mãos, cimentado com afeto, amenidades, sorrisos, olhares e poesia,

você dando a mim sua naturalidade, seu consentimento, e a liberdade poética que jamais tive,

havia encontrado minha eterna musa, reencontrado a fonte da inspiração e o fluir poético.

Todo o resto, rotina, compromissos, responsabilidade, elos, eram vetores componentes,

mas você era o ponto de fuga, o porto seguro, encontrei em você o prisma da luz poética.

Taciturno cantinho hoje abandonado, desértico e sem destino,

guardei todas as suas palavras lindas, tuas declarações de amada amiga,

tudo bem no lugar e do jeito que você deixou, teus mimos, tua delicadeza,

paralisei o tempo no vazio quântico existencial que você deixou...

procuro cada flash de memória, cada um dos muitos registros mentais de tua linda imagem,

teu sorriso, teu olhar, teus cabelos, tua pele, tua voz, tudo tudo perfeitamente registrado,

tudo eternamente preservado no acervo de um patrimônio intangível de nossa amizade pura.

Em nenhum momento houvera qualquer outro desejo, não havia nenhum sentido de posse,

não havia qualquer outro sentimento além do que nos permitíamos e um respeito mútuo.

Tudo era diferente na dimensão poética, na qual tudo parecia possível e me sentia ligado a ti,

nada passou de uma ficção poética, escrito em versos, traçados nas lágrimas da abnegação,

havia tanta vida, tanta parceria, tanta cumplicidade e poesia, nos dávamos toda a liberdade,

e você amava e gostava de cada verso que te permitia ler...

Eramos dois acordes diferentes que se combinavam harmoniosamente, tom sobre tom,

éramos o caroço e a azeitona, dois amigos construindo um amor amigo, um mundinho possível.

Mas surgiu um momento de vazio de tua presença, combinado com sintoma de saudade e carência,

e houve um consentimento teu que me deu a licença para enviar-te quantos SMS quisesse,

e foi o que meu coração mandou fazer, mas pequei sim por excesso de zelo, exagerei...

e você sentiu-se sufocada, sei lá, mais o que? Revelando nosso tesouro a quem não merecia...

Em meu pensamento só uma certeza ecoava, como na música do Peninha:

“Quando a gente ama, é claro que a gente cuida...”

Aconteceu o que estava previsto, você se assustou e se afastou e passei a ser como uma ameaça,

não consigo acreditar que você tenha tomado sozinha a decisão de acabar com nossa amizade,

não consinto em que tudo de bom que aconteceu, parece que nada valeu, nada aconteceu.

Assumo que cometi o meu maior erro: ter deixado você saber o quanto te amava...

Arrisquei nossa amizade em nome da franqueza e da honestidade -você precisava saber!

Não podia mais esconder o que estava evidente, mas que ainda não havia sido dito.

Taciturno cantinho, jaz silente, quietinho, taciturna amizade, louca paixão!

Decidi afastar-me de você, não porque quisesse mas sentia que seria a única atitude digna,

Foi duríssimo, mas era para que a minha presença não te constrangesse em nosso ambiente comum,

não suportava a ideia de que você tivesse perdido a tua amada naturalidade comigo – teu amigo!

Taciturno cantinho, não tem mais tua presença e carinho, já se passaram cinco meses...

você até me excluiu de teu Orkut, privou-me de tua presença no mais alto grau – gelo total!

Mas por mais artificial que você tenha sido, por mais afastada e desprezando-me, te perdo-o!

Sou compreensivo, persistente e constante naqueles objetivos que enobrecem a vida!

Não desisto fácil, não me conformo! Amanhã o destino, outra vez, vai nos colocar frente a frente,

tuas pupilas me darão todas as respostas, teu coração vai tocar no mesmo ritmo e teu sorriso..

ah teu sorriso, será a prova cabal que fomos feitos um para outro,

e que não precisávamos nos privar um do outro, nem sequer um instante!

Desperta, o minha bela adormecida, e volta a ocupar o teu eterno e taciturno cantinho,

aqui dentro, bem no centro de um coração ferido, quebrantado, mas ansioso pra te rever!