Um diálogo entre amigos!
Conversei com um chinês, num restaurante,
E aí, fiquei curioso com algumas coisas,
Perguntei para ele como se fala: I Love you,
Em chinês, porque queria dizer assim para uma mulher...
Ele demorou dizer,
Parece que não queria falar:
Vo Aiden, disse ele...
Não comprovei se está certo ou não a expressão depois...
Porque em português ele não entendeu, fez que não compreendeu,
Por isso eu falei em inglês,
Que todo mundo já ouviu a expressão inglesa,
Ele entendeu sim... mesmo em português...
Mas fiquei curioso com outra coisa,
Que mexeu com ele e com sua cultura,
Que fez ele mencionar mais coisas,
E não ficar na defensiva, e se resguardando...
Eu perguntei: Por que chinês come cachorro?
Ele disse com um português meio estranho,
Mas explicou uma coisa:
Você come porco?
Que animal é mais limpo,
Cachorro ou porco?
Eu disse: Cachorro é bem mais limpo!
E ele disse:
Que animal tem mais vermes que transmitem pela carne,
Porco ou cachorro?
Eu sei que porco tem um verme que vai até no cérebro,
E outros ainda, e nunca ouvi falar isso de cachorro realmente...
Cachorros não passam vermes...
E aí, eu ficaria sem o que dizer,
Mas eu disse para ele sorrindo,
Sem querer entrar em discussão cultural,
Sem querer convencer de fato, apenas uma conversa educada...
Porque isso é questão de costume talvez...
Perguntei: Você devoraria seu melhor amigo?
E quem é mais amigo? O Porco ou o cachorro?
Ele disse: o cachorro é mais companheiro mesmo...
Eu disse: não somente companheiro,
Ele defende, luta pelo seu dono, brinca com crianças e adultos,
Mostra sentimento, quer agradar, e se você gritar com ele,
Ele abaixa a cabeça... de certa forma, ele é quase um humano às vezes...
Você concorda com isso?
Ele disse: sim!
Então, por que não substituir o cachorro por outro cardápio?
Ele disse então: que tal churrasco de gato?
Eu ri muito!!!!
Sabendo que aqui no Brasil mesmo, talvez nunca alguém comeu carne de cachorro,
mas de gato já ouvi falar que sim!!! Ele quis provocar!!! Eu percebi!!!
Você sabe daqueles churrascos de gato, não é?
Mas de cachorro eu nunca ouvi falar!
Bom, o gato tem suas qualidades quase como um cachorro,
É pequeno também, precisaria de muitos gatos para
Satisfazer uma família, e eles são felinos,
Talvez sua carne seja até tóxica,
Falando uma coisa como argumento jogado ao ar!
Ele disse então: chineses comem até carne de cobra,
Que tem muito mais veneno que gatos! E aí?
Aí meu argumento de carne tóxica caiu por terra!
Pois o gato é carnívoro, e não herbívoro,
Geralmente se comem herbívoros,
Como os bois, por exemplo...
Eu fiquei procurando argumentos,
Sabendo que não era para convencer...
Porque cada um tem seus hábitos...
Ele, com sabedoria milenar dos pais, ainda me perguntou:
Você comeria carne de cobra?
Eu disse: jamais! Prefiro uma boa verdura, e uma batata frita...
Ele disse: Eu nunca comeria feijoada também!
Eu disse: Por quê? Vocês comem de tudo, até cobra,
Uma feijoada seria melhor cardápio que estes! Não acha?
Ele pensou um pouco!
Puxa, estava virando uma verdadeira partida de xadrez,
Ou uma luta de Kung-fu...
Ele disse: na Índia não comem carne de vaca,
Acha que conseguiria convencê-los a comer?
E se um deles lhe falasse para você não comer carne bovina?
O que você diria a ele?
Sei que eu já tinha levado alguns golpes!
Nem sabia se atingi sequer o superficial do chinês!
Ele ficava sério, não ria,
Eu sorria o tempo todo...
E ele me perguntou também, depois de pensar:
Você comeria carne de golfinhos?
Eu disse que também não,
Porque eles se parecem com cães no mar,
São dóceis, amáveis, e tudo mais...
Então você não conhece os enlatados de atum!
O que tem haver atum com golfinhos?
É que da barriga deles retiram o atum...
Algumas vezes é assim! E eles morrem para dar atum!
Puxa!!!! Quem falou isso para você?
Então para dar um xeque nele, eu fiz uma pergunta bem forte,
Mas bem forte mesmo, veja se não:
Se vocês chineses comem quase de tudo,
Você seria capaz de comer carne humana,
De um parente teu, que você amasse muito?
Ele disse meio bravo: Nunca! Isso que você disse é demais!
Eu disse: Para mim, o cachorro é como um parente,
Como eu poderia comer a carne de um parente meu?
Ele ficou em xeque agora!
Senti que afetou-o a pergunta dura ao excesso!
Foi bem persuasiva a pergunta, talvez!
Pensei, agora, ele nem vai falar mais comigo!
Por surpresa, ele disse: nem todos os cães são para alimento,
Muitos são úteis como vigias, guardas,
E até companheiros, estes não são devorados!
Puxa, pensei tê-lo convencido de algo,
Que ele concordara que os cães servem para outra finalidade,
Não para o cardápio!
Ele disse assim, então:
Sabe quantas pessoas têm na China?
Eu disse que já passou de um bilhão,
Foi o primeiro país a alcançar essa cifra...
Depois foi a Índia...
Ele concordou, dizendo o seguinte:
Vá um a um, chinês por chinês,
E convença-os cada um deles,
De que comer carne de cachorro é ruim!
Depois que você fizer isso,
Eu te prometo, que vou de brasileiro em brasileiro, dizer para não comer feijoada!
Eu disse: isso seria impossível para mim!
E até injusto!!! Lá têm mais pessoas que aqui!
Nem quero impor a cultura do Brasil em outro país!
Eu amo diversidade, só a questão do cachorro me intriga bastante!
Claro que há outras coisas lá que me intrigam também!
Mas não propus outro assunto!
Ele disse: E se os chineses quisessem impor sua cultura no Brasil?
O que você acharia disso?
Eu disse: seria ruim, porque aqui são outros costumes,
Outro idioma, outro cardápio, outros esportes, enfim...
As pessoas não iam gostar em nada!
Neste momento vi um sorriso em seu rosto,
E fiquei intrigado! Por que ele se alegrou?
Deu xeque-mate em mim afinal?
Ele é um ser humano, e humano é sensível,
Seja chinês, esquimó, indígena, europeu ou africano...
Mesmo tendo sabedoria, ou destreza nas lutas,
Jogando xadrez de modo mais perito talvez...
Ele disse que não conversa assim com ninguém,
E que eu venci o jogo com aquela pergunta dura,
porque só o fato de fazê-lo argumentar,
E ele não dar as costas logo, eu já venci o jogo!
Então, fiquei feliz, sabendo que ele estava sendo cordial,
Pois quantos golpes eu levei!
E para mim não era um jogo, eu estava curioso somente!
Ele disse: melhor comer que passar fome, não é?
Eu disse sim!
Ele: Já ouviu falar de pessoas aqui no Brasil comerem minhocas?
Eu fiquei pensativo, sabendo que ouvi algo a respeito,
Mas disse que minhoca é usada para pescar,
E não para ser comida...
Tem gente que _disse ele_
Bebem águas de cactos! É sobrevivência do homem!
Comem jacarés!!! E dizem que a carne é boa!!! E tatus!
Então, por que vamos discutir o que é mais gostoso?
O importante é matar a fome de bilhões de pessoas!
Quando ele falou de bilhões de pessoas,
Pensei no alimento escasso no mundo!
Quantas pessoas passam fome, mesmo aqui no Brasil,
E na África, e fiquei um pouco reflexivo!
Então, propus um empate no jogo de xadrez,
Pois percebi que ele estava levando como um jogo
ou luta com um pobre ignorante.
Dando-lhe a mão direita como sinal de empate...
Ele sorriu de novo, e disse:
Você poderia até ganhar o jogo,
E perder um amigo!
O que vale mais?
Ganhar o jogo?
Ou ganhar um amigo?
Eu disse: ganhar um amigo é mais valioso!
Então, você perdeu o jogo,
Concorda?
Eu disse sim, porque percebi o recado!
Mas ganhou um amigo!
Lá no restaurante chinês eu comia frango xadrez,
Amigo Chang, trazia frango com amendoim!
Risoto de arroz com camarão,
Mas sem cachorro, por favor!
Nem pense em incluir no cardápio,
Eu não vou ter olhos dos chineses,
Nem os chineses terão olhos de ocidentais...
A variedade é bonita!
Ele disse uma coisa que pensei muito,
E olha que para eu pensar assim, é algo fundo:
Se você nascesse na China, o que você defenderia,
O Brasil e seus costumes, ou a China?
Eu ri muito com a pergunta!
Mas por dentro o pensamento buscava em todos os neurônios!
Realmente! Seria chinês, acreditaria nas filosofias orientais,
E nem questionaria, aceitando como verdades fundamentais,
Simplesmente porque escolheram para mim,
Via tradições! Talvez até comesse cachorros!
Ótima pergunta, concordei!
Puxa! A indagação foi forte demais de novo...
Ele se deu conta que até ele estava preso nisso!
E se ele nascesse no Brasil? Como seria seu pensar e agir?
Se nascêssemos na Índia, creríamos em Xiva, e nas reencarnações em
Animais e coisas da natureza!
Somos o que foi nos imposto então?
Veja só!!! A reflexão entre as diferenças,
Fez o raciocínio ser veloz, compreender,
Entender mais as pessoas...
Sem criticar ninguém, mas ele disse:
Será que somos escravos dos costumes do lugar?
Eu disse sim!!! Tudo indica que sim.
Ele disse: isso é bom ou mau na sua opinião?
Puxa!!! Ele nunca perguntara minha opinião,
Querendo obter uma resposta,
Pois quando perguntava algo antes,
Era para dizer algo em seguida,
E desta vez estava ele perplexo mesmo!
Eu disse: Acho que temos que seguir até certo ponto as tradições de nosso país,
É bonito isto, as danças, os jogos, as roupas, enfim...
Exceto se for algo absurdo! Neste caso pensar melhor por si só, sem imposições!
É bonito ver o mexicano com aquele chapéu enorme,
O índio com seu cocar,
Os africanos com seus coloridos nas roupas...
Não acha?
Sim!
Finalmente ele me pergunta: sabe jogar xadrez realmente?
Eu disse sim...
Perdi algumas vezes, ganhei outras vezes...
Ele percebeu que eu estava mais atualizado com a globalização,
E levou uns golpes de kung-fu simbólicos...
Durante os jogos ninguém queria perder...
Porque perder ali significava que a inteligência estava em xeque!
Mas sorria como o "Popeye", que sempre sorria quando estava com dor,
E por causa de um cardápio diferente,
De países diferentes, surgiu uma amizade sincera,
Baseada na reflexão, coisa que os chineses se gabam de ter sabedoria...
Afinal, você já viu um oriental esmoleiro?
Mas quantos orientais você já viu de carros chiques,
Passeando com a família, ou sem algum trabalho de boa renda?
Asiáticos aqui no Brasil em geral são de classe média...
E para me tornar um pouco mais irmão de Chang,
Eu disse o seguinte para ele:
Olha, sou em boa parte filho da mãe China,
Tanto por parte de pai, como de mãe... acredita?
Alguns traços no rosto ou no corpo já mostram isso!
Nem precisava dizer...
Os índios vieram da mãe China, muito tempo atrás,
E sou descendente indígena...
A Itália certa vez foi invadida por Átila,
E muitos lá são morenos, vindos da Ásia,
E minha mãe era morena, de olhos pequenos...
A mesma miscigenação que há aqui no Brasil...
Houve na Itália e minha mãe herdou traços asiáticos...
Então, somos mais irmãos do que você possa imaginar!
Algo da China está aqui nos meus genes com certeza!
Ele riu, e disse que é muito vago, não acha?
Vago sim, mas verdadeiro!
Ele exclamou: Bom, se é assim, você é brasileiro, com sangue chinês,
Por isso questiona tanto, e luta muito!
Eu disse isso para agradar, mas qualquer lugar do mundo
Têm pessoas inteligentes, seja em qualquer parte...
“Coitado” do Fürer quando um africano ganhou a corrida,
Nas olimpíadas de Berlim!
Os arianos não eram superiores em tudo!
Ficou provado que todas as “raças” têm algo vantajoso,
E quando o Oishi chegou no grupo de xadrez,
Aí que as conversas foram mais longe ainda!
Aqui acaba a conversa com meu amigo chinês,
e com o japonês Oishi, que odiava perder,
guerreiro igual a mim e Chang,
mas razoável, raciocínio super rápido!
E os novos amigos de qualquer lugar...
PS Oishi: Sushi? É assim que se escreve para o cardápio de peixe sem fritar?