Workshop

Minha amiga Janaína

- Loura heroína! –

Convidou-me a fazer um workshop de poesia,

Numa escola municipal, localizada na periferia,

Para alunos do quinto ano, entre dez e catorze anos.

Um bairro, pelo tráfico, dominado

E, pelo bom senso, abandonado!

Uma ousadia e tanto!

Aceitei de imediato,

Pois sou louco, desmiolado...

Nunca tinha feito nada parecido,

Nem por isso, me senti intimidado.

Bem ao contrário, me senti bastante empolgado.

Sem querer parecer convencido,

Com tranquilidade enfrentei esse desafio,

Ate porque sou catedrático em andar sobre estreitos fios.

Não tinha qualquer noção do que me esperava.

Mas, algo, visivelmente, me impulsionava.

Primeiro porque confio, plenamente, em minha amiga,

Uma das poucas, nessa cidade, que sabe da minha lida.

Segundo porque se o assunto é poesia,

Impossível me afastar da imprescindível harmonia.

Seriam três turmas, divididas em quatro horas

Que voaram sem qualquer demora.

Ela havia pedido para eles escreverem sobre o tema

“O Lugar Onde Vivo”!

Para mim, nenhum problema,

Já que tenho muitos textos falando o que sinto

Sobre, nessa e dessa cidade,

Que me catapultou a maturidade.

A ideia era ler um texto meu como abertura.

Em seguida responder a algumas possíveis perguntas.

Era minha obrigação, incentivá-los, orientá-los a escrever.

Fiz isso, enfatizando que é o melhor jeito de crescer,

De se conhecer mais a fundo,

De entender melhor o mundo.

Dei meu depoimento pessoal,

De como a poesia se tornou essencial

À minha vida,

Ao meu processo de subida.

Em todas as turmas, obtive o mesmo resultado,

Absolutamente inesperado.

Quem não tinha trazido de casa,

Ali mesmo, abriu suas asas

E escreveu o que pensava sobre a cidade.

Insisti que todos usassem de sinceridade.

Que não se preocupassem em agradar

E sim em criar.

Sugeri a fórmula simples de colocarem no papel

O que realmente sentiam,

Independente das regras, normas e rimas.

Queria que expressassem como viam

Esse lugar tão peculiar,

Com suas cismas...

Esse mar!

Essa serra e inacreditável céu...

Perguntaram-me muito como era ser poeta.

Respondi, em outras palavras, que era ser uma acesa seta,

Apontando para o que há de maior,

O que há de melhor!

Desde quando, assim, eu era?

Disse-lhes que desde longínquas primaveras.

Mas, lá atrás, tudo que escrevia era crivado de melancolia.

Hoje faço questão de passar mensagens positivas adornadas de alegria.

Nada produziram, menos de cinco alunos.

- Aqueles que, normalmente ficam no fundo -

Ou, criaram e não tiveram coragem de mostrar...

Eu, claro, tive que respeitar.

À medida que iam aprontando

Chamavam-me e iam me entregando.

A maioria permitiu que eu lesse alto,

Sem qualquer sobressalto.

Acima de todas as expectativas, saíram criações,

Que nos causaram inesquecíveis emoções.

Janaína não podia acreditar no que estava acontecendo:

Todos empenhados, escrevendo.

Concluiu que estímulo é a grande questão

Para melhorar a educação.

Muitas poesias, tive prazer em interpretar,

Chegando mesmo a me emocionar!

Ao final de cada leitura, dirigia-me a cada um

Um a um,

Para parabenizar

E incentivar.

Agradeço ao universo essa oportunidade,

Essa inconcebível felicidade

De semear boas sementes,

Naquelas jovens mentes.

Recebi convincentes demonstrações de carinho,

Que, para sempre, constarão em meu interior escaninho.

Atribuo o sucesso da empreitada,

À impetuosidade dessa amiga alucinada!!!

E à inenarrável magia

Da poesia!

Claudio Poeta
Enviado por Claudio Poeta em 18/06/2010
Código do texto: T2326479