Esquecer-me de mim…
Lembrar-me que o tempo passa
Só se quisermos que nos magoe
Que da vida plena e concreta nos queira apartar
Nascem rugas, cabelos brancos começam a proliferar
Mas nunca
Jamais
Deverás perder o brilho singelo
Do teu singelo e belo olhar…
Obliterar da minha mente
Gente que não interessa
Gente cinzenta
Gente demasiado comum
E ter apenas comigo
Pessoas interessantes
Que quero presentes…
Ausentar-me nas conversas aborrecidas
Que me rodeiam
Que me ameaçam sufocar
Preciso de coisas diferentes
Como o comum dos mortais
Precisa de respirar…
Tentar
Que essa vida que sinto ardente
Não se modifique
Mas devo controlar a intensidade
Com que me movo
Com que me exprimo
Pois apesar de ser o espelho fiel da minha interioridade
Ela afasta
Certo tipo de amizades…
E assim me devo mascarar
Com uma capa de suave normalidade
Viver no compasso
Da restante humanidade
E esperar por uma noite ébria
Ou por uma noite de amor
Uma noite de criação
E assim
Poder mostrar ao mundo
Toda a minha vasta imensidão
Esperar que me aceitem como sou
Poder ter uma conversa entre iguais
Esperar ser aceite incondicionalmente
Sem que espere dos outros
Uma desnecessária absolvição…