Esquecer-me de mim…

Lembrar-me que o tempo passa

Só se quisermos que nos magoe

Que da vida plena e concreta nos queira apartar

Nascem rugas, cabelos brancos começam a proliferar

Mas nunca

Jamais

Deverás perder o brilho singelo

Do teu singelo e belo olhar…

Obliterar da minha mente

Gente que não interessa

Gente cinzenta

Gente demasiado comum

E ter apenas comigo

Pessoas interessantes

Que quero presentes…

Ausentar-me nas conversas aborrecidas

Que me rodeiam

Que me ameaçam sufocar

Preciso de coisas diferentes

Como o comum dos mortais

Precisa de respirar…

Tentar

Que essa vida que sinto ardente

Não se modifique

Mas devo controlar a intensidade

Com que me movo

Com que me exprimo

Pois apesar de ser o espelho fiel da minha interioridade

Ela afasta

Certo tipo de amizades…

E assim me devo mascarar

Com uma capa de suave normalidade

Viver no compasso

Da restante humanidade

E esperar por uma noite ébria

Ou por uma noite de amor

Uma noite de criação

E assim

Poder mostrar ao mundo

Toda a minha vasta imensidão

Esperar que me aceitem como sou

Poder ter uma conversa entre iguais

Esperar ser aceite incondicionalmente

Sem que espere dos outros

Uma desnecessária absolvição…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 28/05/2010
Código do texto: T2284576
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