Andorinha
Andorinha.
Todos haviam partido.
Fiquei só, olhando à minha volta.
As laterais da quadra inseridas numa imensa floresta.
Perto da arquibancada, um buraco no barranco de terra desnuda.
Andorinhas singravam os céus.
Uma delas, num vôo rasante, entra no pequeno buraco.
Como um gato, escalei o perigo.
Enfiei todo o meu antebraço direito até sentir suas penas macias.
Calor e aconchego. Era seu ninho.
Fechei minha mão suavemente, aprisionando seu excitado coração.
Instantes de dor e de paixão.
Refleti!
Eu querendo-a para mim.
Ela querendo a liberdade.
Paradoxo. Ela, meiga e carinhosa. Eu, o mais temível dos predadores.
Não ia dar certo. Éramos de reinos diferentes...
Abri a mão e dei o impulso.
Restou o céu azul da liberdade.