Over The Rainbow : ENTER

Reproduzo um diálogo de fim

De semana com um poeta do

Maranhão. Ele poeticamente

Falou: As pessoas que amava

Com quem convivera, as quais

Respeitava, maior parte se foram

Para nunca mais. As culturas

High-tech, slick-tech, a suposta

Civilidade on-line: não há mais

Ambiente emocional para elas

Suas almas solitárias onde estão

Aonde estarão? Haverá um lugar

No cyberespaço da rejeição entre

Os nascidos das novas gerações

Maquinavélicas? Entre os de

Sistema nervoso plugado como

Gado na central de navegação

Internética? Aonde há ou haverá

Um lugar de estar para elas?

Quem há de vê-las, socorrê-las?

Os jovens caras-pós-pintadas

Sabem que a ilusão do consumir

Acabou com o sono dos que

Não conseguem mais dormir

Os sonhos dos romantismos

Máquinas de consumir não podem

Sonhar. Não é mais o cordão

Umbilical entre o embrião e a

Placenta que é cortado ao nascer

São 200 mil anos plugados em

Sentimentos e emoções passadas.

Extirparam-lhes a memória das

Relações darwinianas. A história

Ancestral ausente do feto sem raiz

O corpo materno, ambiente cyber

Presente no líquido amniótico

Da sala de computar matriz.

Computa Computador, computa

O "Medo de Voar". Percorre

Sem sair do laço da cadei(r)a

Ruas avenidas praças corredores

E esgotos na rede net onde

Toda transgressão é permitida

A alma parada frente à telinha

Por que caminhar pela calçada

Talvez ao lado da lua vizinha

Navegar é preciso... Viver...

É ter a alma ousada. Dirigir o

Pulso do corpo: horizontar-se

Plugados no horizonte irado das

Terras do além mar da telinha

Cibernética tendo o mouse e o

Controle remoto por leme, eles

As caras-de-pau-pós-pintadas

Entregam-se à tarefa diária de

Ser virtuais. Criaturas patéticas

Seres não-Existenciais. Vultos

Personagens sombras sem vivacidade

Que memória pode surgir daí? Que há

De haver no coração e na mente de

Seres sem passado? Que futuro

Poderá existir a partir desse

Presente plugado em supostas

Vivências, aspas virtualizadas?

Íntimos de máquinas e modelos

CibernÉdipos, fazem sexo com a

Mão no teclado calado do monitor

Tutorial transvirtual. Aprenderam

A amar o estar de bunda plugada

Na poltrona da sala de computar

Sonâmbulos escravos da máquina

Realizam todos os sonhos sem

Terem com quê sonhar. Gestos

Súbitos fazem-nos sorrir e chorar

Olhos plugados de rebanhos suínos

Cordeiros e gados a pastar

No campus digital da Intranet

Bilhões de informações surgem

E desaparecem como num toque

Do mágico de Oz. O internauta

Ora em pauta ora é o Espantalho

O Homem de Lata, a Bruxa Má

Do Sudeste. A um toque do mouse

Ele agora está a um passo do

Porteiro da Cidade de Esmeraldas

Não é sensacional a Internet?

Bilhões de informações

Nenhuma interação que se preze

Nenhuma aloaspiração que preste.

DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 25/04/2010
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