Vôo Livre
Se te excluem do rebanho
És apenas um selvagem
Diga não, não siga
Se não quiser
A lei geral da libido
Dos deveres deste mundo
Não te excluas da fadiga de negá-los
A águia voa mais alto
Que os pássaros da praia
Um deles não sabe disso
E vence naturalmente
O Everest do vôo falconiforme
A seu modo salta sozinho fronteiras abissais
Vence a condição limite
Voa sobre nichos jamais alcançados pela águia
No voar mais alto
Abre as portas de praias longínquas
Despreza a coleira doméstica da paisagem tribal
Aceita o desafio das asas do anjo
Da insensatez. A paralisia
De não ficar nos limites do bando
Globalizado pela libido da tribo
Indomesticados pela lascívia
Os membros alados não são de cera
Objeto desse prazer solar
O bibelô coletivo lúbrico
Desconhece a força de ser livre
A liberdade de ir mais longe
De criar a vontade de seus passos
Não faz parte da programação
?Aldeia global padronizada?
Eleva-te do grande oceano vencido
Alado nas criptas do luar
Vê, afinal, o quanto é essencial
A desmemória dessa libido plugada
Cultura calada, papai-mamãe
Incestuosidade homofráter
Obrigado, grande irmão zelote
Eu ainda me emociono
Com os membros de uma vaca
Estou bem, na trilha desse tesão formal
Da velha neurose conhecida
Fuque-fuque macho-fêmea
Sufrágio-serpente, gênese universal