Por favor... Julgue-me sóbrio
Quantas vezes despertei
Minha vontade cretina
Assim que desaguei
Meus olhos nessa menina
Hoje nem mais a percebo
Sabemos como há de ser
Cultua um jovem mancebo
No qual visa estabelecer
Somente suas vaidades
Tornam-na mais exibicionista
Não crê em nenhuma verdade
A moça que se diz feminista
Só pensa em envelhecer rica
Odeia a vida simplista
Não gosta de Drummond
E detesta os modernistas
O que poderia fazer
Para ser menos recusável?
Até ateu deixei de ser
Somente para ser agradável
Vejo inconformado
Com essa amostra de descaso
Agora um ser desfigurado
E convicto do seu fracasso
Na ambição colhida em grãos
Saudei meus concorrentes
Agora são todos meus irmãos
Conforme a religião vigente
Ainda desmotivado
Entrego-me a boemia
Já posso ser admirado
E escrever com alegria?
Não obtive sucesso
Com minha atriz de teatro
Enlaço a juíza. Novo processo
Estabeleço um novo ato
O ato é bem simples
E vou relatar a vocês:
Levanto um dedo, chamo o garçom
Convidei-a para um drink
Depois de algumas palavras
Brindei à nova amizade
Após a conversa e algumas piadas
Surge mais uma ou duas novidades
E assim deste modo ocular
A juíza sentiu-se uma atriz
Quando nela centrei meu olhar
E admirei seu sorriso feliz.