O COLIBRI AZUL
O colibri Azul
Hora sou como a primavera: vagueio pelo tempo, através dos ventos e me encontro nas estações do ano. Posso trazer alegria como as flores e as borboletas, mas posso também trazer tristezas como os gafanhotos que destroem as colheitas. Sou assim porque me faço e refaço em jardins, para abrir flores que possam falar bem de mim. Sou assim, porque o tempo precisa de tempo para reconhecer tudo que plantei dentro de mim. Sou assim, porque sei que um dia me vou, e tudo que levarei serão recordações de um lindo jardim.
Haverá sempre uma boa colheita de Rosas na primavera. Permita-se então, ser a Rosa para que, ao vento, eu possa te colher, e tu serás a única flor a viajar no tempo sem que jamais eu venha a te esquecer.
Hora sou como o colibri que vagueia de flor em flor à procura do mais doce néctar, sem o qual seria impossível sobreviver. Tal qual o colibri colhe o néctar das flores, eu colho a essência das amizades e as guardo dentro de mim. Pois posso regar um jardim durante toda a primavera e não colher nenhuma flor, mas mesmo assim, haverá sempre um orvalho, para manter vivo o colibri.
Mas a primavera é eterna, como diz o poeta: vem e vai, e outra vez se esvai. Porém, a Rosa não. A Rosa na sua finitude tem o aroma e a beleza dos jardins, e o que seria da primavera sem o esplendor de uma linda flor? Morreria o colibri e morreria o jardim. Peço-te então que sejas como a Rosa que alimenta o beija-flor e enobrece os jardins.
Leandro Dumont
20/12/07