Sangue de amigo
Despertar de domingo...
a relva suada e gélida
pés descalços deslizando
passos lentos ameaçadores
a vida foge pequena de medo
os anjos entoam nas copas.
Súbito, um estampido...
as folhas ganham vida
o verde dá lugar ao rubro
um baque surdo...
silêncio...
o olhar perdido no vázio
passos fugidios...gritos...
passos e outros passos
rumores...dúvidas...
sirenes...homens garbosos
armas em riste...olhares prescrutam...
De repente...disperto...
sinto a dor nos olhares
abaixo-me sobre o corpo inerte
grama gélida...massa quente...
susto...assombro...incertezas...
ouço a gargalhada amiga...
o tilintar de copos...o adeus
a porta do carro abrindo...
risos...adeus...e...
súbito, um estampido...
grito... dor...lágrimas...
incertezas...adeus...
como se fosse possível
acabar tudo em um adeus
as imagens...os sons...
você...saudades...