Sangue de amigo

Despertar de domingo...

a relva suada e gélida

pés descalços deslizando

passos lentos ameaçadores

a vida foge pequena de medo

os anjos entoam nas copas.

Súbito, um estampido...

as folhas ganham vida

o verde dá lugar ao rubro

um baque surdo...

silêncio...

o olhar perdido no vázio

passos fugidios...gritos...

passos e outros passos

rumores...dúvidas...

sirenes...homens garbosos

armas em riste...olhares prescrutam...

De repente...disperto...

sinto a dor nos olhares

abaixo-me sobre o corpo inerte

grama gélida...massa quente...

susto...assombro...incertezas...

ouço a gargalhada amiga...

o tilintar de copos...o adeus

a porta do carro abrindo...

risos...adeus...e...

súbito, um estampido...

grito... dor...lágrimas...

incertezas...adeus...

como se fosse possível

acabar tudo em um adeus

as imagens...os sons...

você...saudades...

Fernando Rocha da Costa
Enviado por Fernando Rocha da Costa em 01/08/2006
Reeditado em 22/08/2006
Código do texto: T207179