O GUERREIRO DAS CAUSAS PERDIDAS E A BORBOLETA RAINHA(continuação da Praia das 1000 borboletas)

À Sónia Princesa Imperatriz Borboleta Rainha, Doce amiga que eu gosto desde o princípio dos tempos e que só irei deixar de gostar no final desses infinitos tempos

O GUERREIRO DAS CAUSAS PERDIDAS E A BORBOLETA RAINHA

(continuação da Praia das 1000 borboletas)

Batalhei

Em demasiados campos

Demasiadas batalhas

E no meu bornal de pilhagens

Trago apenas mágoas

Até que um dia

No meio de cinzas encontrei

O mais belo dos insectos

E um desejo mudo ocupou a minha alma

“Ao lado deste ser

Para sempre ficarei”

Sou

O guerreiro das causas perdidas e a Borboleta Rainha

Estava eu

No fim de mais uma derrota

Bem no meio das trevas terrivelmente silenciosas

Ouvindo então um gemido

Era Ela que também sofria

E por isso tirei do meu alforge de sentires

Lhe dei

E partilhei com ela um carinho

Tal era a minha escassa refeição

Que tomava para me dar alento

Por isso foi com paz e alguma alegria

Que reparei

Que tal lhe dava alento

Ela então abriu muito os seus olhos

E na minha cabeça apareceu o seu pensamento

“Conta-me a tua história

Diz-me a raiz do teu sofrimento”

Achando tal egoísta

Fiz um pacto com ela:

Cada um conta as suas histórias

E deixa os nossos diferentes seres

Penetrar nelas

Abanando as suas antenas

Ela concordou

E foi nessa altura

Que o tempo

E a magia

Para outro lugar nos levou

Dei comigo

Na Praia das 1000 Borboletas

Reparando que na cabeça

Da minha nova amiga

Tinha surgido uma Coroa

Descobrindo ser ela a dona daquela lugar

“Fala, que aqui nada te magoa”

Disse-me ela com alegria

Desaparecendo

Nesse instante

O meu cansaço eterno

A minha letargia

Sob um luar magnífico

Começámos ambos a falar

Um de cada vez

Para nenhum se atrapalhar

Trocámos sentires

Histórias

E muitas memórias

Notando

Serem parecidas

As nossas histórias

E muito idênticos

Os sentires

Surgindo a vontade

De partilharmos o porvir

“Fica aqui

Pára de lutar

Aqui nunca terás fome

Nem feridas

Aqui é o teu lugar

Como cobertor

Ofereço-te a nossa doce noite eterna

E verás

Que não há na vida

Coisa mais bela”

Disse-me com imensa ternura

Enterrando nessa altura

Bem fundo a minha espada

Tinha encontrado Uma Amiga de Vida

E por isso ali fiquei

E dei por finda

A minha última batalha