O Outro é o Outro
Espanta-me constatar
Como as pessoas não são capazes de perceber,
Quando têm uma atitude, para com o outro, inadequada.
Chegam mesmo a magoar,
Em alguns casos até a ofender,
Sem se darem conta da falta perpetrada.
As pessoas estão tão voltadas para o próprio umbigo,
Que falham terrivelmente, até com os amigos.
Por não prestarem atenção,
No ritmo do outro coração.
Assim vão semeando pequenas fissuras em suas relações,
Nas mais indevidas situações.
Julgamos os outros por nós mesmos,
Antiquíssimo erro.
Atribuímos a eles nossos defeitos,
As preferências do nosso peito.
Como se cada um, não tivesse o próprio código.
Esse grave equívoco causa dor, é óbvio.
Cada um tem que ser respeitado exatamente,
Literalmente,
Em suas particularidades,
Em sua sensibilidade...
Cada um sente de um jeito,
Acomoda-se de uma forma em seu leito.
Isso é que torna o mundo tão interessante,
Torna a vida tão empolgante:
A diferença,
A diversidade na construção de cada sentença.
As múltiplas opções de cores,
Toda a gama de sabores.
Dá trabalho tomar conhecimento
Do alheio relicário.
Pode ser necessário alterar o itinerário,
Até porque a maioria não é clara em seus sentimentos.
É preciso ouvir o que não foi dito,
Mas, que no olhar, está escrito...
A humanidade,
Em sua busca tresloucada pela material estabilidade,
Passa por cima, condena, reprime, ignora o particular,
Unicamente em favor do mais fácil, mais rápido, do vulgar.
Gerando uma massa feita de pequenas e grandes mágoas,
Que vai se espalhando ao longo da estrada.
Acho o fim do mundo,
Um desrespeito profundo,
Acreditar que, porque ele é meu amigo, vai entender...
Exatamente em nome da amizade é que é preciso tomar cuidado.
É preciso ter tato,
Para não macular sem perceber.
A intimidade
Cria responsabilidades.
Se a pessoa lhe é importante,
É preciso uma vigilância constante,
Para não desapontar.
Um cuidado extremo para não decepcion