A ODISSÉIA DE UM LUSITANO:

GAJO

Gajo olhando galhos,

Papagaios caçoando.

Gajo olhando de lado.

Aio, a enxada.

Papagaios em bando,

Vindo de banda,

Era uma banda,

Gajo apoiado,

Enxada quebrada,

Naquelas quebradas.

Roça roçando

Galhos no gajo.

Gajo coçando.

Ribanceira, rolando.

Risos e risos.

Olhos à espreita.

Odor de lírio.

Oh dor, delírio!

Condor pousando.

Com dor assolando.

A vida é estreita.

Comédia humana!

Com média, é humana!

Sem média, é profana!

Enxada quebrada.

Papagaios caçoando.

Nas águas afogando,

Que bobeira,

Era Nogueira.

Luta renhida,

Que se tira da vida.

Na vida há morte!

Na morte há vida!

Havida na sorte.

Dor doída!

Doida dor!

Riacho ribeira.

Cerne Nogueira,

Quebraste uma haste?

Um galho, rapaz...

Tem tantas nogueiras,

Tanto fez, tanto faz,

Entre tantas,

É mais uma que cai.

Do livro: O homem que deixou de sofrer

Jbcampos

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Enviado por jbcampos em 19/12/2009
Código do texto: T1985329
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