POR UM AMIGO
Esteve desamparado, sem chão, perdido.
Chorava suas tristezas, perdeu alegrias,
Amigos? ausentes se foram, aí sossobrou,
Não restou atenuantes, sómente o sofrer,
Causas incertas, inexplicáveis, não entendia,
Angustiantes dilemas machucavam seu égo,
Ferido, transpassado, qual flecha assassina,
Que feriu sua Alma até deixá-lo prostrado.
No entanto de longe alguém o observava,
Tínha ímpetos de se aproximar e o amparar,
Quem sabe enxugar uma lágrima tão dolorida,
Ou oferecer-lhe o ombro onde pudesse chorar,
E para sustentar o corpo vacilante ser a bengala,
Para que não se prostrasse na sarjeta tão vil,
E todas as vergonhas que jamais gostaria de ter,
Apareceriam num corpo sujo até cheirando mal.
Foi um amigo desconhecido que Deus lhe enviou,
Sem jamais saber seu nome e nunca o conhecer,
E estendeu a mão amiga oferecendo todo seu amor,
Sem cobranças e com palavras sensatas o amparou,
Andando do seu lado sem apressar os seus passos,
Entendendo toda sua debilidade no corpo tão fraco,
Exaurido por não ter comida que até catava nos lixos,
Pois todas as abundâncias de antes deixaram de existir.
Recuperou sua auto-estima que tanto se orgulhava,
Seus valores foram voltando numa constante ebulição,
A alegria de antes que contagiava tantas presenças,
Veio vindo de mansinho até se agasalhar em seu coração,
E presenças bonitas que até deixou de se interessar,
Passou a notar com seus olhos que agora tinham brilho,
Como uma criança tão linda em sua inocente pureza,
Ou mesmo uma flor com seus inebriantes perfumes.
Um amigo sincero não está disponível em vitrines,
Pois surgem do nada e substituem quem se ausenta,
É um mistério que sómente os que amam sabem entender,
E não fazem cobranças com corações disponíveis,
Estando sempre presentes nas horas mais aflitivas,
Ocasiões que a presença amiga é tão importante,
Talvez por desgraças que num repente aparecem,
Renovando as esperanças que deixaram de existir.
21-10-2009