Cenário Teatral

Noite chuvosa.

Abro a janela, explode a visão

Da calma em sua precisão.

Sou tomado por uma inspiração furiosa.

Sobre a madeira da varanda,

A placidez tamanha...

Em formação triangular,

Três gatos a me olhar.

A luz da varanda apagada,

A quadra por um único poste iluminada.

As copas das goiabeiras,

Com seus desenhos sombrios.

O ar um pouco frio.

Ainda bem que em casa não há goteiras...

Só a parte da frente do quintal,

Sob a luz da rua.

O céu sem lua!

Tudo tão cenograficamente teatral...

Uma plasticidade!

A simplicidade,

O bom gosto do desenhista,

A mensagem subscrita,

A perfeição circunscrita...

A sensibilidade irrompendo em conquista!

A orquestra de rãs, com sua sinfonia,

O sino dos ventos com sua coreografia,

O som da chuva hipnotizante...

A harmonia navegante!

Tudo cheirando a molhado.

Eu, quase, embasbacado...

As poças d’água,

O regalo da alma.

Nem sei...

Só sei que transbordei...

Desvencilhei-me do tempo.

Queria olhar por dentro,

Do que estava à minha frente.

Mergulhei impunemente.

Despi-me até o centro.

Desejava o âmago do ensejo,

Para tentar apreender,

O que estava a perceber:

As mais antigas respostas

Que se abrigam no intervalo das horas,

Nas dobras,

Nas sombras das sobras.

Lembrei-me imediatamente,

Claramente,

Da sensibilidade da obra da escritora e amiga

Juli Lima!

Claudio Poeta
Enviado por Claudio Poeta em 20/10/2009
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