Nós e o tempo

E de repente o tempo passou...

E com ele, o que se fez, o que se desejou,

o que se sonhou, o que se realizou...

Recordações assomam à mente;

Sem embargos, perdura-se na memória;

A infância, a mocidade, e traz tudo vivo, agora, na memória...

Como o “flash” de um filme em rebobina, me faz lembrar e ver cenas dos meus tempos de menino;

as festas juninas, o cantar o hino nacional em fila, antes de entrar pra sala de aula, o recreio, o brincar de pega-pega, o jogo de bola, o passear pelo pátio com os colegas de classe, paquerando as coleguinhas da escola.

A primeira professora, as primeiras amizades, os primeiros namoros, os primeiros amores, os dissabores...

Ah! O tempo!...

Passa tão rápido e lento ao mesmo tempo... como um paradoxo...

Rápido para os bons tempos...

E lento para os maus tempos...

Ah! O tempo!...

E de repente, meus sete anos, meus quinze anos,

meus trinta anos, meus qua... se foram...

O tempo o levou, como o vento leva as folhas dos galhos desnudos no outono, a se preparar no inverno para receber a primavera...

com suas flores, seu perfume, sua beleza...

Ah! O tempo!...

As vezes encontramos amigos e damos as desculpas:

- “...a vida tem roubado tanto o meu tempo, que parece também ter roubado você de mim...”

Mas ainda restam as lembranças, e tenho lembrado e sinto saudades daqueles nossos dias, daquelas nossas farras, daquelas nossas risadas, daqueles nossos segredos, nossas alegrias e agonias...

Mas o tempo é uma mãe para nós, apesar de ser um adjetivo masculino, literalmente falando...

Leva nossa alegria, mas também leva nossa tristeza, nossa agonia...

é só ter paciência e compreende-lo;

É uma mãe, porque nos ensina a grande lição que é a vida...

Ensina que amigos, vão e vem, mas que há alguns preciosos, que temos que guardar com carinho...

Ensina que a felicidade, não está no alto da montanha ou no fundo do mar;

nos bens materiais ou em outro planeta, nas estrelas...

Ensina que está em nós, ou melhor, dentro de nós... em nosso coração, em nossa memória...

Ah! O tempo!...

Que vontade de voltar no tempo e matar a saudade das conversas inocentes ao redor da fogueira, nas noites juninas de lua cheia...

Dos amigos de outrora, que hoje, todos crescidos se dispersaram por esse mundo afora...

Ah! O tempo!...

Oh! Saudades!...

Deus queira que um dia, eu encontre ainda a felicidade pura da infância, a felicidade ingênua da mocidade, a felicidade madura do agora...

“Que eu encontre aquela inocência de ser feliz sem saber...”

Ah! O tempo!...,

Pois é amigos, ficou tudo no nosso passado, calado...

Cada um seguiu seu caminho, sua trilha, sua estrada...

Nossos rumos mudaram, mas não se perderam;

Ainda estou aqui, e o melhor de tudo, é que alguns de vocês ainda estão por aqui...

e mesmo aqueles que já partiram para um caminho sem fim, também de uma certa forma estão por aqui, pois com certeza ainda lembram de nós...

Como disse; o tempo passa e naturalmente leva algo da gente com ele;

mas deixa algo dele conosco, como uma troca;

Pode ter levado a juventude, mas deixou as lembranças;

Levou um pouco a beleza jovial, mas deixou um pouco de sabedoria;

Levou um pouco dos sonhos, mas deixou a experiência nas buscas das realizações...

Mas uma coisa o tempo não levou...

A certeza de que vocês não estão só na memória, mas continuam no meu coração...

Mas amigos...Um dia, ele, o tempo há de prover um encontro, um reencontro aqui neste orbe ou em outra dimensão...

Ah! O tempo!...