Lá se vai o Rabuja.
e já se foi
uma leve prosa de passagem
num buteco de São Paulo
pra beber um gole de garoa
com algum mendigo psicólogo
assim me lembro bem
com o pé no chão encardido
e no rosto aquele limpo sorriso
olha nego
to vendo coisas
até um rabujento feio
me parece bonito
para de frescura e desce mais uma cerveja
ascende outro cigarro
me descola do seu mesmo que o meu acabou
só pra não te contrariar
vou deixar você levar a rapadura
assim poderá
inflar uma nuvem amigo
fazer ela voar
do Japão pra cá
lança certinho que ela vai voltar
tabelinha do estilo de Pelé e Coutinho
Tua rima na caneta e no teclado
Minha rima na voz e no pé
se o vento mudar a corrente
a nuvem faz que vai prum lado
e vai para onde quiser
aprendi contigo amigo
a não tirar o pé da dividida
que amizade não cabe em mala
pra se carregar
não tem cifra
nem pinga
que possa pagar
mesmo de sete chaves
sabe escapar
e transborda no bordão
na pernada sem rumo
no aperto das mãos
na certeza de que
um Rabuja ficou aqui
e outro cresceu tanto
que teve de partir
já não cabe nesta sua roupa velha
o gigante que te abita
seque a vida
e vê se não esquece
dê mandar NOTÍCIA.