Lá se vai o Rabuja.

e já se foi

uma leve prosa de passagem

num buteco de São Paulo

pra beber um gole de garoa

com algum mendigo psicólogo

assim me lembro bem

com o pé no chão encardido

e no rosto aquele limpo sorriso

olha nego

to vendo coisas

até um rabujento feio

me parece bonito

para de frescura e desce mais uma cerveja

ascende outro cigarro

me descola do seu mesmo que o meu acabou

só pra não te contrariar

vou deixar você levar a rapadura

assim poderá

inflar uma nuvem amigo

fazer ela voar

do Japão pra cá

lança certinho que ela vai voltar

tabelinha do estilo de Pelé e Coutinho

Tua rima na caneta e no teclado

Minha rima na voz e no pé

se o vento mudar a corrente

a nuvem faz que vai prum lado

e vai para onde quiser

aprendi contigo amigo

a não tirar o pé da dividida

que amizade não cabe em mala

pra se carregar

não tem cifra

nem pinga

que possa pagar

mesmo de sete chaves

sabe escapar

e transborda no bordão

na pernada sem rumo

no aperto das mãos

na certeza de que

um Rabuja ficou aqui

e outro cresceu tanto

que teve de partir

já não cabe nesta sua roupa velha

o gigante que te abita

seque a vida

e vê se não esquece

dê mandar NOTÍCIA.

Marco Cardoso
Enviado por Marco Cardoso em 19/06/2006
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