Guitarra Ensolarada
Entusiasmo que do sol furtava inspiração
Nas profundezas do arquipélago benguelense
Onde as lembranças rudes iam à messe
E as estrofes negras tocavam o coração
A guitarra guardada no coração
Rugia como leão à sombra do mar
Do mar distante agora de musicar
Mas tão seco como sonhos de verão
Onde está o sol com que comungavas
Os tristes cantos das cegonhas
Que dos mangais vinham sem penas
E no arquipélago eram depenadas à avareza
De tal maneira molhada ao sol
A guitarra tocava os naufrágios escravistas
E enegrecia as nuvens brancas às vistas
Onde no avião se lia “gol”
Guitarra morna pelos longos nervos
Das escadas do paraíso sem anais
Que pediam canções angelicais
E molhada nos teus dedos servos
Asfaltaste todas as acácias com música
E na irresistível guitarra ensolarada ao vento
Tu levavas aos gritos às sereias o talento
Que nesta sombra atlântica solta como isca
Escrito em 25 de Agosto de 2009 em Luanda