D E S A F I O
diante à folha alva
um desafio
preenchê-la no vazio
da alma que se nega
a ceder-me voos
alçando-me além...
pequeno meio restrito
prisões, receios
e labirinto
insisto, preciso, necessito,
portas a escancarar
do meu eu mais aflito
enfrento as brumas
arrisco-me em gritos
dos becos nas escuras
liberte-me, medíocre vivência,
me devolva a vestimenta
de minha real aparência
visto o disfarce e descontraio
nas vestes parvas de um pândego
ensaio gargalhadas me distraio
corda bamba vacilos desengonçados
enredos trôpegos desandados
entes desatinados e alvoroçados
rol de horrores, desenganados,
cantarolando canções vulgares
antro de suplícios desgraçados
num tropel desabrido
coreografias sensuais
em fugas de si, ao desabrigo.
urgem ensolaradas manhãs luzíveis
entardeceres sem melancolias
e noites sem enfados previsíveis
sabores requentados
de discursos corroídos
e aplausos esperados
gentilezas cordatas
gestos ensaiados
mensagens enlatadas
devolva minhas dores
tremores e medos
do inusitado brindo o fel
renego o fácil
convencionado
do bem estar e seu papel...