Cantiga ao Vento
Há muito o Outono foi-se, e foi-se dele junto
Meu amigo, ao vento, para o nunca mais.
Junto às naus tão tristonhas dos donos do mundo,
E ficara eu, sozinha, chorando os meus ais...
Ó Deus, vê-lo-ei 'inda em vida?
Poupai-me, ó Céus, tão plúmbea crueldade!
Ah! Qual'ora de qual dia será de nossa hora?
Ah! Qual dia de qual mês trar-me-á divina paz?
Ah! Amigo meu, aonde que vou ver-vos?
Tornai, ó Musas e Ventos, tornai-me capaz!
Ó Deus, vê-lo-ei 'inda em vida?
Poupai-me, ó Céus, tão plúmbea crueldade!
Rogo-vos, apois, vento soberano e puro
Que cá sofro por medo a pensá-lo em perigo
Não mais atuí minh'esperanças insones
E fazei-se bom para as velas de meu amigo!
Ó Deus, vê-lo-ei 'inda em vida?
Poupai-me, ó Céus, tão plúmbea crueldade!
Por:
Déia Tuam, Gabriel Rübinger e BOI