Até Onde Cabe a Mim?
O ser humano não parece interessado
em evoluir espiritualmente, de fato,
a tudo dissimula.
O mundo é um verdadeiro
rosário de conveniências,
é um confuso emaranhado de justificativas.
Ao menos a história recente demonstra
a evolução científica estar
à frente da expansão da consciência.
Materialmente o homem
parece ter conseguido evoluir
mais intensamente que espiritualmente.
Existe uma perigosa interação
entre o primitivismo do instinto
com alta tecnologia de destruição.
Na sua obstinada realização
das vontades do ego o homem
não percebe o seu tolo suicídio.
Fala-se de Deus,
mas pouco segue-se das suas revelações,
tudo é superficial e vazio.
Levianamente despreza-se a busca da verdade,
priorizando-se a instituição religiosa.
As religiões sobrevivem na encenação dos ritos,
mas distância-se da alma dos fiéis.
As religiões tomam Deus para seus interesses,
o comercializam como um produto .
Seja o pecado, seja a culpa,
seja o arrependimento,
tudo acaba como mera mercadoria.
Faltam idéias libertas
dos artifícios das conveniências humanas,
tudo fica distorcido,
até onde por ignorância ou má fé?
Em seu profundo egocentrismo
o homem tem certezas injustificáveis.
De fato está perdido
e na busca de um paraíso ilusório.
Em verdade, pouco a pouco
cria o alicerce para um inferno real.
E tudo isso parece claro demais
para não ser visto,
e mesmo assim tudo é acomodado.
É assustadora a lentidão da boa vontade
e a rapidez com que se perverte tudo que é bom.
E talvez por isso, ante a constatação do mundo
e de minha impotência de fazer alguma coisa,
que fico em silêncio me torturando
em tentar entender se odeio intensamente
ou se amo demais.