A Dissimulação
 
Cuidado, meu amigo! Cuidado!
Nunca conte a outrem
teus secretos sonhos e ilusões.
Tenha cuidado!
Tenho-lhe como se fosse meu irmão.
Contenha o seu ímpeto,
fecha sua boca, se necessário cale-se.
Pesa bem suas palavras,
não deixe que transformem
sua língua em espada,
Pois que podem retornarem
como que punhais
a clavarem -se em suas costas.
Silêncio, se ainda assim quiser falar,
murmure muito baixo seus ideais.
Aquiete-se, saiba encenar corretamente
emoções convenientes.
Toma extremo zelo com sua franqueza,
saiba exercer a arte da dissimulação.
Não exerça filosofia,
não inspire-se em fazer poesia,
pois isto gera desconfiança.
Seja confiável, seja prático,
transforme sua inteligência em esperteza.
Não tome partido, seja neutro,
não arrisque-se em julgamento alheio.
Não confie em ninguém,
desconfie de todos, tema a traição,
tema a excessiva lealdade,
Saiba que atrás de suave brisa
pode ocultar-se furioso vendaval,
Saiba que o líquido que mata a sede,
pode retirar-lhe a vida.
Viver em sociedade pode ser complicado,
finja compartilhar, mas seja competitivo,
Lembra se a solidão pode ser tediosa,
não há dúvida de que seja mais segura.
Espero que minhas palavras
façam eco em seus ouvidos
Atenciosamente. Meus Respeitos.
Inenarráveis abraços.
Compre um bilhete para a alienação.
Mas se assim não for,
se for-lhe difícil conseguir um bilhete,
pare um instante, reflita, se for o caso,
recomece, e então entenda
o quanto vale a franqueza e a verdade,
e ganhe a liberdade de viver,
mesmo quando
as grades lhe perseguirem.
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 18/06/2009
Reeditado em 28/06/2009
Código do texto: T1654843
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