Amante da Noite

Uma sonolência
nervosa o avisa 
do fim da insônia,
a falta de motivação
ganha novo objetivo.
Reconhece o cansaço,
os pés estão doloridos,
os músculos adutores
já ameaçam cãimbras,
não há como fugir.
O corpo abatido lhe
reduz a ansiedade psíquica.
Quer retornar
para o abrigo de sua casa,
precisa localizar-se.
Recompõe os passos,
substitui o desejo insatisfeito
por um certo desprezo
cheio de conveniências.
Se antes a companhia
parecia ser essencial
para poder viver,
agora  sente-se atraído
pela conquista da solidão.
A razão retoma as rédeas
das emoções em rebelião,
vê em si algo
de patético e obtuso.
E ao ganhar um pouco de paz,
vê a noite com outros olhos,
observa a sua beleza.
A toma como sua nova amante.
Declama poemas para suas estrelas,
flerta com sua lua,
troca  juras apaixonadas.
Sente suas carícias
com brisa tingida de sereno
a tocar-lhe a epiderme.
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 08/06/2009
Código do texto: T1639080
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