Além da Racionalidade

Concluir-se
excessivamente racional,
por demais cético,
servo dos sentidos
e da comprovação,
para empreender
viagens metafísicas.
Perturbação.
De alguma forma,
vê-se tocado pela divindade.
Não entende, mas sente.
Não consegue
definir os exatos limites
entre a razão e o sentir,
sensação de incômodo.
Concentra-se em si,
ouve as batidas cardíacas.
Vai mais além
e vê o emaranhado
de teias cotidianas.
Detecta uma
certa escravidão ao relógio
e suas horas, e a idéia de tempo
o leva a divagar pela eternidade.
Parte de si
ganha linhas imaginárias,
todo o corpo
ganha o sentido da visão.
Aumenta a intensidade de vida,
energia rústica e selvagem
se confronta
com uma percepção etérea.
Seria ilusão?
Seria uma alucinação?
Seria tal sentir confiável?
Como saber,
se trata-se de
experiência solitária?
Como compartilhar?
Como não usar
a bengala da ciência?
A razão é espécie de tribunal.
E, no entanto,
a lógica é insuficiente,
por faltar-lhe a experimentação.
Então que fazer?
Aventurar-se.
Não há como
deixar de correr riscos.
E por que não dizer
que nas dúvidas
existe certa satisfação,
dado que na descoberta,
sublima o prazer?
Entretanto, é preciso
resguardar algumas amarras.
A melhor aventura
é aquela a que conseguimos
sobreviver para contar.
Assim, o conflito de
uma lógica exausta,
e de uma intuição
que quer ser livre.




Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 05/06/2009
Reeditado em 05/06/2009
Código do texto: T1633109
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