LABIRINTO DE LETRAS

UM LABIRINTO DE LETRAS

Juliana S. Valis

Gosto de escrever como quem se perde

Entre as palavras inversas de aversão,

Como labirintos de sentimentos desconexos

E tão ilógicos quanto a própria lógica de ser humano...

Gosto de escrever como quem desenha na alma,

Até que as palavras se rendam ao sonho, assim,

Como versos incautos que me transcendem,

E como réquiens de uma tempestade do que não fui,

Enquanto ouvia a música das abstrações complexas

E tão perplexas quanto a esfinge dos sentimentos,

Talvez, por isso, eu escreva entre tudo e nada...

Ah, seria tão apetecível transformar a realidade

Deste mundo onde as máscaras da civilização se diluem,

Como rótulos capitalistas na fria decomposição dos sonhos,

No descalabro monumental da supervalorização da matéria

Em detrimento da essência humana, que não se compra...

Parcas palavras de desabafo, cansaço, revolta ?

Não sei nem onde começa o sentido final de tudo !

Só sei que importa amar a humanidade e, quiçá,

Livrá-la dos castelos movediços de sua decadência...

Por tudo isso, apenas gosto de escrever refletindo

Nas palavras imensas que a alma declama,

Como súplica maior que se imiscui na vida,

Sem pedir licença aos sentimentos díspares:

Eternos labirintos de quem nós somos.

Juliana Silva Valis
Enviado por Juliana Silva Valis em 21/05/2009
Reeditado em 21/05/2009
Código do texto: T1607612
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