Quando o Silêncio se Faz Necessário

E já sem dizer, pois já estava escasso
e perdido no silêncio. Tudo era exaustão.
Rompido com a comunicação, mas com o coração batendo.
Querendo ir embora, mas o afeto pedindo para ficar.
Perdido depois de tantos encontros, dúbio e tão claro.
Zombando do riso. Derramando lágrimas pelo choro,
depois rindo delas, e chorando pela alegria.
Inexplicável, injustificável, e por isso tão interessante.
Neurótico, talvez psicótico, mas quem sabe, lúcido...
O destino quer pegar, o destinatário quer fugir.
Nem tão tarde, nem tão cedo, simplesmente sem tempo.
Num lugar perdido, num espaço inexistente.
Num ponto que de tão ínfimo é praticamente invisível.
Não havendo sentido e estando nisso a dúvida oculta.
Desafiando o cérebro cansado, confundindo os sentidos.
Alucinando os desgastados e depauperados sentimentos.
Deixando passos por um caminho que se perdeu.
Marcando um encontro com um sujeito oculto.
Um misto de delírio e promessa, numa hora qualquer,
pois que de tantas horas, já nenhuma é tão especial.
E desprezando a si, desliga-se dos outros.
Almeja, antes de tudo, o que não consegue definir.
Uma paisagem que está além dos dias presentes.
Um futuro cuja distância o transforma em miragem.
Profecias de quem não acredita em nelas.
E por isso fica a brincar entre tantas dúvidas,
como a desafiar num voo cego, num voo sem asas,
num abismo inexiste, num mergulho em si,
onde a subjetividade absorve todo o contexto.
Daí a estranha solidão e o desejo de não ser só.
Querendo existir pela garantia da contradição,
da oposição a ser, pois que não é.
 E não sendo, não se encontra, e não se encontrando,
vive perdido, criando uma falsa liberdade
num lugar particular onde caminha em solidão,
enquanto tenta se convencer da própria afetividade.
Descrendo, mas querendo ter a fé que remove montanhas,
mas sentido o peso de sua limitação.
Tendo temor por si, pelos outros, pois que o finito assusta,
e o infinito é apenas promessa,
enquanto o palpável é por demais concreto.
E então, o existir na dúvida entre a fé e a razão.
No desejo que algo divino esteja além do profano.
Na expectativa de que o bem seja uma certeza,
pois sem sua esperança tudo parece apenas ilusão.
O bem de ser, mesmo que escravos do ter.
Arredios à prisão, mas temendo sempre a liberdade.
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 15/05/2009
Código do texto: T1595819
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