Enfrentando a Descrença

Difícil manter-se acreditando,
difícil manter a fé na esperança.

Caindo em descrença
em meio às muitas justificativas racionais.

Legando-se ao caos ante
a completa falta de lógica das emoções.

Deixando-se dominar por febril delírio,
por um terrível mau sonho.

E toda a palpável realidade se desfalece,
dizimando-se em nada,

para nascer desse vazio
uma subjetividade com ares de intrusa.

E a exaustão da alma
se encontra com o árido cansaço humano.

Evoca a velha vingança,
a capacidade de destruir, o ego ferido.

Porém, reprime-se, teme o ato de destruir,
mas destrói a própria vontade.

Quer reagir, mas teme o espírito da vingança,
teme a si mesmo.

Não sabe se deseja,
não crê na possibilidade de realizar o intento.

Pudesse sair da vida sem ferir alguém,
pudesse não se ferir,

talvez o fizesse,
mas tem medo da tortura da culpa a condená-lo.

Que fazer se o idealismo
dizima-se ante os golpes do cotidiano?

Como aceitar a inviabilidade
daquilo que era sagrada esperança?

Nada há para se fazer
quando a única motivação é a desistência.

Fica impossível sustentar
uma luta contra a falta de resultados.

Uma batalha perdida,
um fronte onde se está em clara desvantagem.

Pressente muitas lutas,
mas é crescente a escassez de disposição.

De tanto lutar contra si
o instinto guerreiro se desinteressou da luta.

Talvez a alma dos guerreiros pacificados 
sintam-se inúteis.

Assombrados pelas cicatrizes
das suas grandes vitórias e derrotas.

Desencantados com as trilhas
dos caminhos dos seus destinos.

Encarcerados nos seus frágeis corpos
a conter as almas ígneas.

Arrogantes em franqueza,
orgulhosos em sua força e fraqueza.

Perseguidores da verdade
que presumem ser o prêmio da eternidade.

Inquietos e irritados
com o que se oculta aos seus olhos atentos.

Mergulhados em tristeza
ao descobrirem-se cegos para a verdade.

E então o grande conflito
daqueles que precisam de um ideal.

Desmotivados ante o deserto humano
que deixa as almas sedentas.

Olhando para o céu
e se questionando se são de fato reais,

ou meras ilusões
que insistem em assombrar a própria imaginação.

Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 13/05/2009
Reeditado em 13/10/2009
Código do texto: T1591786
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.