O POETA SUJO
James Vidal me visita
e, um tanto bêbado, recita
os seus poemas patifes.
Peço aos meninos
que saiam da sala.
Sem doçura, James fala
de sua nudez
e de seus desvarios
e fala de mulheres
sonhadas e reais.
E as descreve,
safadamente.
E James, quando o conheci,
se dizia evangélico.
Em que pedra seu pé
encontrou o tropeço?
Minha mulher ri.
Entende que James
é apenas louco,
de vocabulário roto,
e sua barba negra reflete
algum sentimento
revolucionário.
Mas James apenas bebe
da difícil água da poesia,
a que passa às margens
da grosseria,
a que não se sabe se é
sensualidade
ou calão.
Em silêncio, eu o escuto
e o amo, apesar
de seus versos chulos.
Ele vive e respira.
Enlouquecido caminha
para algum mistério
da vida.