Não Querendo Matar os Ideais
Acostumado a uma sensação
de senilidade da alma,
estranho-me, rebelando-me
contra o constrangimento da maturidade.
A chegada dos anos
quer apagar o fogo dos ideais
da infância e da juventude.
De algum modo me sinto agredido
em algo que guardo com todo o meu zelo.
É impossível viver sem crer e ter esperança
em um novo e feliz amanhã.
Sei que o mundo é este,
mas por alguma razão
sinto que não deveria ser assim.
Seria mais prático aceitá-lo,
sem dúvida este será sempre o caminho mais fácil.
Sempre haverá a possibilidade
de trocar sagrados sentimentos
por um amontoado de coisas.
Possivelmente o mundo premia
aos que se subjugam
aos seus interesses e conveniências.
Não há como não sentir
que minha alma está escravizada
às forças de meu corpo.
Não consigo ver o mundo
apenas como concreto e ferro
plantados em meio ao asfalto.
Não poucas vezes
me perco, desatento
a vislumbrar o horizonte
e os astros do céu.
Difícil é se entreter com os detalhes de um ponto
quando se pode divagar pelo espaço.
Frustrante é se absorver nas fronteiras
e limites, ante a sedução do infinito e o ilimitado.
Amo e admiro a razão humana,
porém é sedutor o caminho dos inquietos sentimentos.
É comum buscar justificativas,
estas, entretanto, por vezes comungam
com a falta de graça.
Se o desequilíbrio incomoda,
também é fato
que cria novas possibilidades e expectativas.
O importante é não deixar morrer o idealismo,
é crucial não se desiludir frente à realidade.
Desejaria ter à mão o fruto da eternidade,
mas minha humanidade me limita.
Densas camadas de materialidade soterraram
em boa parte o meu espírito.
Sinto-me, desta forma, como fardo de mim mesmo.
Carrego-me com grande contrariedade.
Pressinto no destino
uma faceta de libertação,
mas outra de dolorosa escravidão.
Um mero jogo de palavras e ideias,
ou uma situação a ser vivida efetivamente.
Dentro de mim há desejo de viver.
Dentro de mim há desejo de morrer.
Não sei se vejo nisto verdades em confronto,
ou mera confusão psicológica.
A razão me diz que seria um jogo
entre o aceitar-se e o rejeitar-se.
Um árido conflito.
Este sentir de alguma forma
pode esgotar as forças do raciocínio.
O subconsciente deve ser contido,
a culpa oculta pode se implantar no consciente,
desarticulando o presente,
inflamando o desespero,
levando a impulsivo suicídio.
E o suicídio é terrível ilusão,
é promessa de liberdade
que não se concretiza.
É falsa razão que em realidade
é engano tardiamente constatado como loucura.
Entretanto, é preciso ter força no espírito
para resistir ao confronto com o mundo,
pois que neste o lúcido por vezes é o louco,
enquanto o louco parece ser o gênio
Acostumado a uma sensação
de senilidade da alma,
estranho-me, rebelando-me
contra o constrangimento da maturidade.
A chegada dos anos
quer apagar o fogo dos ideais
da infância e da juventude.
De algum modo me sinto agredido
em algo que guardo com todo o meu zelo.
É impossível viver sem crer e ter esperança
em um novo e feliz amanhã.
Sei que o mundo é este,
mas por alguma razão
sinto que não deveria ser assim.
Seria mais prático aceitá-lo,
sem dúvida este será sempre o caminho mais fácil.
Sempre haverá a possibilidade
de trocar sagrados sentimentos
por um amontoado de coisas.
Possivelmente o mundo premia
aos que se subjugam
aos seus interesses e conveniências.
Não há como não sentir
que minha alma está escravizada
às forças de meu corpo.
Não consigo ver o mundo
apenas como concreto e ferro
plantados em meio ao asfalto.
Não poucas vezes
me perco, desatento
a vislumbrar o horizonte
e os astros do céu.
Difícil é se entreter com os detalhes de um ponto
quando se pode divagar pelo espaço.
Frustrante é se absorver nas fronteiras
e limites, ante a sedução do infinito e o ilimitado.
Amo e admiro a razão humana,
porém é sedutor o caminho dos inquietos sentimentos.
É comum buscar justificativas,
estas, entretanto, por vezes comungam
com a falta de graça.
Se o desequilíbrio incomoda,
também é fato
que cria novas possibilidades e expectativas.
O importante é não deixar morrer o idealismo,
é crucial não se desiludir frente à realidade.
Desejaria ter à mão o fruto da eternidade,
mas minha humanidade me limita.
Densas camadas de materialidade soterraram
em boa parte o meu espírito.
Sinto-me, desta forma, como fardo de mim mesmo.
Carrego-me com grande contrariedade.
Pressinto no destino
uma faceta de libertação,
mas outra de dolorosa escravidão.
Um mero jogo de palavras e ideias,
ou uma situação a ser vivida efetivamente.
Dentro de mim há desejo de viver.
Dentro de mim há desejo de morrer.
Não sei se vejo nisto verdades em confronto,
ou mera confusão psicológica.
A razão me diz que seria um jogo
entre o aceitar-se e o rejeitar-se.
Um árido conflito.
Este sentir de alguma forma
pode esgotar as forças do raciocínio.
O subconsciente deve ser contido,
a culpa oculta pode se implantar no consciente,
desarticulando o presente,
inflamando o desespero,
levando a impulsivo suicídio.
E o suicídio é terrível ilusão,
é promessa de liberdade
que não se concretiza.
É falsa razão que em realidade
é engano tardiamente constatado como loucura.
Entretanto, é preciso ter força no espírito
para resistir ao confronto com o mundo,
pois que neste o lúcido por vezes é o louco,
enquanto o louco parece ser o gênio