Enfrentando as Perdas
Talvez esteja buscando socorro,
mas não consegue encontrá-lo.
Quem sabe necessite de urgente ajuda,
mas não a encontra.
E por isso desejando tanto falar...
Cala-se trancado em sua solidão.
Temendo a própria frustração,
defende-se tentando não viver.
E a vida passa,
e a morte sorri por levá-lo,
sem dó ou piedade.
O tempo da eternidade
conspira contra a efemeridade.
Teme por si.Encontra-se com o medo
e, desejando agredi-lo, vê-se imobilizado.
E querendo produzir uma ação,
nada consegue fazer, senão calar-se.
Sente que o coração apaga a chama do peito,
os sentimentos fogem.
Os pensamentos divagam sem rumo,
anarquizando a própria razão.
O impulso autoritário de querer
esbarra na vontade anestesiada em dor.
Perdendo-se da intuição,
mergulhando em pesados pressentimentos.
Tentando manter o controle sobre a imaginação.
Contendo os traumas. Esforçando-se muito,
mas verificando o quanto lhe fogem as tenras forças.
Querendo encontrar e não achando.
Não fugindo, mas perdendo o rumo.
E todas as certezas se fazem insuficientes.
E as dúvidas não têm respostas.
E o vento bate forte a desfolhar
as pétalas da flor delicada da sensibilidade.
Fosse possível, arrancaria a ferro e fogo as emoções
que o fazem vulnerável.
Mas seria pura tolice,
pois que a força só é fecunda
quando se alia à beleza.
E por pensar tanto,
quem sabe a filosofia da alma
o salve da derrota psíquica.
Cansado de conviver com a amargura,
tenta fazer parceria com a indiferença.
Mas ainda crepita, fugitiva,
uma pequena chama de indignação.
A alma insiste.
Abatido e nocauteado continua em pé,
mantido sabe-se lá pelo quê.
E por ser assim, ri-se sem saber o porquê,
despreza-se e quer-se no mesmo instante.
Confunde-se e perde as linhas do caminho
que supunha seguir com toda exatidão.
Deixa que os passos o levem,
já não sabe o destino,
se é que um dia realmente o soube.