Desvesdando a Força da Juventude  

É no findar dos sonhos infantis,
que nos defrontamos com as angústias da maturidade.
É na busca de conquistar um paraíso coisificado,
que nos escravizamos aos interesses.
É nesse processo que seremos réus e juízes,
pois que a vida ocorre por interação dos viventes.
Por vezes, cheios de autopiedade para consigo
e intransigentes como os outros.
Por vezes, quando constrangidos por culpa,
intolerantes consigo e coniventes com os outros.
Sentimentos intensos, cavalos selvagens
que não desejam domesticação, rédeas da razão.
As responsabilidades do amadurecimento
irão moldá-los, ou serão vistos como imaturos.
Conflitos dos instintos com a moral e os costumes.
Nem tudo o que é bom ao corpo é saudável.
Ao jovem sempre haverá aquilo que parecerá velho, 
é como se fosse contraponto
para o exercício de sua rebeldia e auto-afirmação.
Existem enúmeras  pedras no caminho,
É necessário tomar cuidado
para não se transformarem em muralhas intransponíveis.
Irritabilidade e atração
pela individualização da personalidade,
sinais físicos, sinais psíquicos.
Vê-se como barco à deriva,
sente o prazer da aventura,
mas a razão acusa ser preciso uma rota.
Verifica não mais bastar apenas o ímpeto,
faz-se preciso adquirir experiência,
aprender a conviver com as calmarias e as tempestades,
pois o oceano não perdoa os incautos.
O corpo nunca esteve tão vivo,
toda a sua vitalidade
parece desafiar a quietude da alma,
de tal forma que os impulsos nervosos
parecem despertar o silêncio dos pensamentos,
enquanto que o bater apressado do coração
faz com que o sangue convulsione as emoções.
Em meio ao amplo despertar físico
ocorre toda uma transformação do psiquismo.
Processos contraditórios ou complementares?
Intensificação do palpável, despertar do etéreo.
A força dos instintos desperta a personalidade
e a competitividade, mergulha na realidade.
O transbordar dos pensamentos
e sentimentos amplia o psiquismo da intimidade do ser.
Um eclodir de semente,
expandindo-se externa e internamente.
Algo de surpresa, reações inexplicáveis.
O explodir de inquietações e questionamentos.
Desejo de enfrentar o mundo,
vontade extremada de autoconhecer-se.
Sedento para enfrentar o cotidiano,
sedento para desbravar pensamentos e emoções.
Já percebe um jogo de mentiras e verdades,
irrita-lhe o encontro com a hipocrisia e a dissimulação.
Tenta estabelecer limites entre o senso moral e ético e a esperteza e o oportunismo.
Quer saber o que é a justiça,
sente-se atraído por ela
como se fosse musa encantada.
Sente as primeiras dificuldades
em ser justo com aqueles que fingem justiça,
mas são injustos.
Agressividade, os olhos vêem aquilo que não deseja ver.
Teme a lucidez e sua inviabilidade,
dmina-lhe terrível rebeldia 
de não fazer o que não concorda, embora seja cordato.
Tenta se adaptar,
percebe o quão ingênua era a sua visão do mundo,
e lamenta-se por isto.
Já sente saudade do velho idealismo infantil.
Teme perdê-lo, mas não sabe como conservá-lo,
Quer surgir como homem,
mas mostra-se belicoso em separar-se do menino.
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 08/05/2009
Código do texto: T1582715
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