Em Busca dos Sonhos Perdidos
 
Onde estão as flores prometidas?
Pois que os espinhos já ferem,
mas não reconheço as rosas.
Onde está o sorriso da criança?
Pois que escuto o seu choro triste,
mas não a vejo sendo consolada.
Onde está o direito do homem bom?
Pois já ouço o seu clamor de justiça,
mas só vejo a festa dos ímpios.
Onde está meu coração?
Pois que parece fugir do peito,
E antes descrê do que acredita.
Onde está a esperança?
Procuro-a com urgência,
procuro-a como amada e perdida.
Pois que sem sua possibilidade,
tudo se perde, tudo fica sem cores.
Tudo se transforma em silêncio de dor.
Como encontrar lenitivo no ideal,
quando a realidade o atropela,
quando a mediocridade
a tudo contamina?
Onde está o céu prometido?
Não o do o Paraíso que não creio,
mas o céu, com o seu horizonte,
com a sua possibilidade de ouvinte,
com os seu transmutar diurno e noturno.
Pois que além da ciência estava o sonho.
Quão tolos são os sonhadores,
pois que a realidade os fere
e eles insistem em sonhar.
Consolados por suas ilusões,
perdem-se em dores.
Mas não se perdem dos seus sonhos.
E, se perdidos, riem de si,
como se essa fosse sua poesia mórbida.
E talvez, por ser oculta,
na morte vejam algo.
Mas qual bobagem,
pois que também ela é real
e, assim como a vida, ceifará outros sonhos.
Então, o que resta ao sonhador,
senão o desprezo por vida e morte?
Vivendo a sua loucura,
zombando dos realistas,
fingindo-se de tolo,
pois que a tolice parece ser algo almejado.
Longe das soluções, longe de todos,
distante de tudo,
mas por ínfimo instante,
muito próximo de seu coração perdido.
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 06/05/2009
Reeditado em 06/05/2009
Código do texto: T1578986
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