Em Busca dos Sonhos Perdidos
Onde estão as flores prometidas?
Pois que os espinhos já ferem,
mas não reconheço as rosas.
Onde está o sorriso da criança?
Pois que escuto o seu choro triste,
mas não a vejo sendo consolada.
Onde está o direito do homem bom?
Pois já ouço o seu clamor de justiça,
mas só vejo a festa dos ímpios.
Onde está meu coração?
Pois que parece fugir do peito,
E antes descrê do que acredita.
Onde está a esperança?
Procuro-a com urgência,
procuro-a como amada e perdida.
Pois que sem sua possibilidade,
tudo se perde, tudo fica sem cores.
Tudo se transforma em silêncio de dor.
Como encontrar lenitivo no ideal,
quando a realidade o atropela,
quando a mediocridade
a tudo contamina?
Onde está o céu prometido?
Não o do o Paraíso que não creio,
mas o céu, com o seu horizonte,
com a sua possibilidade de ouvinte,
com os seu transmutar diurno e noturno.
Pois que além da ciência estava o sonho.
Quão tolos são os sonhadores,
pois que a realidade os fere
e eles insistem em sonhar.
Consolados por suas ilusões,
perdem-se em dores.
Mas não se perdem dos seus sonhos.
E, se perdidos, riem de si,
como se essa fosse sua poesia mórbida.
E talvez, por ser oculta,
na morte vejam algo.
Mas qual bobagem,
pois que também ela é real
e, assim como a vida, ceifará outros sonhos.
Então, o que resta ao sonhador,
senão o desprezo por vida e morte?
Vivendo a sua loucura,
zombando dos realistas,
fingindo-se de tolo,
pois que a tolice parece ser algo almejado.
Longe das soluções, longe de todos,
distante de tudo,
mas por ínfimo instante,
muito próximo de seu coração perdido.