Escrita pela perda de meu amigo e irmão do coração,
James Amadeu Bellamy Rodrigues.
Que a Criação em que tanto acreditou lhe acolha.
Hoje, sem dúvida, o mundo ficou um pouco pior ...



A Verdadeira Importância das Coisas

 
Por que me importar?
Por que haveria de dar significado
ao que não deveria ter?
O tempo já demonstrou a sua força.
Sobra apenas a impotência
e a fragilidade da efemeridade.
Seja por um olhar diferente,
seja por uma abordagem qualquer,
o fato se sobreporá sempre 
às dúvidas da ignorância.
Não há como deixar de lado
a sensação de se sentir tolo.
Não há como omitir do próprio coração
o que ele insiste em sentir.
Crer ou não crer, que diferença efetiva
isto haverá de fazer?
Por maior que seja a nossa valentia
o medo da dor haverá de nos curvar.
Não há como não querer ser filho
diante da percepção da criação.
Mas qual a realidade que nos oculta?
Haveremos de ser sempre anjos caídos,
pecadores mergulhados em culpas secretas
desejando asas para voar.
E voar para onde? E voar para quê?
Quem sabe um dia os fragmentos de ilusões
cheguem a constituir algo...
E o desejo de saber que já foi tanto
haverá de se aquietar, calar-se no coração.
E nisso não haverá tempo
para uma única lágrima, 
e nem por isso dividirei
um trago de bebida amarga com a indiferença.
Exaurido do mundo, exaurido de mim,
talvez finalmente descanse.
E por não ver nada, por não ter nada,
quem sabe tenha um pouco de paz...
Não, talvez não sejamos anjos caídos,
mas animais elevados,
encantados com o céu noturno
e suas migalhas de tantas luzes.
A tudo criamos, damos asas à imaginação
para, depois, almejarmos apenas a razão.
Até onde ela haverá de nos alimentar?
De fato nos nutre
ou apenas nos gera mais fome?
E, famélicos, tanto queremos saber...
Nos enchemos de tantas necessidades
para, de forma madura, por fim concluir
que nenhuma força é suficiente
para vencer nossa estupidez civilizada,
Nossa violência cordata,
nosso desejo calado de gritar de dor.
Mas por que haveria
a necessidade de tanto drama?
Basta o silêncio, no seu falso vazio,
fingindo nada ser,
enganando com o seu todo existir.
Hoje não tenho respostas,
mas também me aquieta o desejo de dúvidas.
Estas que, no momento, 
bem pouco valem.
Talvez não tenham valor algum.
E por que haveriam de valer,
se o próprio conceito de valor
é questionável ? 
Melhor o silêncio e suas ilusões...
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 29/04/2009
Reeditado em 29/04/2009
Código do texto: T1567300
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