O sol e a lua

Você apareceu quando eu já não esperava mais nada do mundo

Quando observava apenas as pessoas lá embaixo

Se digladiando com um ódio iracundo

Os pobres mortais, a quem sempre ofereci esplendoroso facho

Ao nascer, você me assistia

Eu me punha, e você vinha

Nos completávamos, criávamos encanto

Éramos como o lírio e o campo

Ao trocarmos nosso posto

O céu ganhava um colorido

Eu contemplava o seu rosto

Tu eras o meu ser mais querido

Promessas e juras de fidelidade

Eu brilhava ardentemente e se via o pôr do sol

Você ficava contente

E juntos fazíamos um fenômeno de escol

Eu iluminava o dia

Você brilhava a noite, na escuridão

Você fazia graça e eu ria

Eu te elogiava, linda princesa, dona do meu coração

Parecíamos inseparáveis

Seres dóceis, afáveis

Nunca pensei que tanta felicidade poderia acabar

Mas a tristeza, em um dia insólito, de surpresa veio me pegar

Lembro-me como se fosse hoje, daquela triste ironia

Chegaste e me pediste um favor

Cujo realizá-lo eu jamais poderia

Senti em meu peito incomensurável dor

Tudo mudara depois daquele dia

A lua antes de boas intenções tão cheia

Agora se tornara vazia

Ah, Lua! Em nossa relação, que interesse havia?

Ao longo dos dias, de mim foi se afastando

E a realidade diante dos meus olhos ela apresentaria

O que foi dito ser amizade verdadeira

Me mostrara ser cruel hipocrisia

Abateu-se sobre mim profunda angustia e, fui levado à penúria

E hoje, eu, o sol, que brilhava tão forte

Estou agastado, me corroendo em pesar e fúria

Brilhando menos que a estrela do norte, contando os dias, a espera da morte.

William Peres
Enviado por William Peres em 26/04/2009
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