O sol e a lua
Você apareceu quando eu já não esperava mais nada do mundo
Quando observava apenas as pessoas lá embaixo
Se digladiando com um ódio iracundo
Os pobres mortais, a quem sempre ofereci esplendoroso facho
Ao nascer, você me assistia
Eu me punha, e você vinha
Nos completávamos, criávamos encanto
Éramos como o lírio e o campo
Ao trocarmos nosso posto
O céu ganhava um colorido
Eu contemplava o seu rosto
Tu eras o meu ser mais querido
Promessas e juras de fidelidade
Eu brilhava ardentemente e se via o pôr do sol
Você ficava contente
E juntos fazíamos um fenômeno de escol
Eu iluminava o dia
Você brilhava a noite, na escuridão
Você fazia graça e eu ria
Eu te elogiava, linda princesa, dona do meu coração
Parecíamos inseparáveis
Seres dóceis, afáveis
Nunca pensei que tanta felicidade poderia acabar
Mas a tristeza, em um dia insólito, de surpresa veio me pegar
Lembro-me como se fosse hoje, daquela triste ironia
Chegaste e me pediste um favor
Cujo realizá-lo eu jamais poderia
Senti em meu peito incomensurável dor
Tudo mudara depois daquele dia
A lua antes de boas intenções tão cheia
Agora se tornara vazia
Ah, Lua! Em nossa relação, que interesse havia?
Ao longo dos dias, de mim foi se afastando
E a realidade diante dos meus olhos ela apresentaria
O que foi dito ser amizade verdadeira
Me mostrara ser cruel hipocrisia
Abateu-se sobre mim profunda angustia e, fui levado à penúria
E hoje, eu, o sol, que brilhava tão forte
Estou agastado, me corroendo em pesar e fúria
Brilhando menos que a estrela do norte, contando os dias, a espera da morte.