A um amigo...
Todos se foram,
Apagaram-se as luzes,
A festa terminou...
Ninguém estava lá.
Exceto aquela pessoa,
Aquela única pessoa
Que não te deixou por nada.
Quantas vezes tinhas tu chorado
E quantas vezes
Ninguém havia aparecido
Para secar tuas lágrimas,
Exceto aquela pessoa,
Aquela única pessoa
Que quando não conseguiu fazer cessar teu pranto,
Chorou junto a ti;
E quando tinhas tu
Te achado sem cais,
Não havia pessoas nem faróis
Para te guiar,
Exceto aquela pessoa,
Aquela única pessoa
Que tinha só uma pequena chama
E a dividiu contigo,
Para que trilhassem juntos
Um caminho que não seria fácil.
Tu não tinhas onde te apoiar
Quando te faltou o chão,
Não havia sequer um
Que te apontasse um sustento,
Exceto aquela pessoa
Que te deu a mão
E caminhou contigo
Pelo doloroso percurso das rosas negras
E quando foi preciso
Desencravou os espinhos
Que faziam sangrar os teus pés
E o teu coração...
Se tu tivesses aberto os teus olhos
Terias visto que a tua volta
Só havia o silêncio,
A quietude, no entanto,
A voz que sussurrava ao teu ouvido
Era aquela pessoa,
Aquela única e solitária pessoa
Que não te deixou cair
Quando todos diziam
Que não resistirias ao abalo;
Que não te abandonou
Quando o mundo te virou as costas;
Que não te deixou parar
Quando a tua vontade era desistir;
Que não te permitiu desacreditar
Quando toda a esperança
Estava em um sonho...
Aquela pessoa era o teu amigo
E hoje... Hoje ele se foi,
Pela primeira vez
Ele te deixou sozinho.
Agora podes ver
Que tudo é escuro,
Pois a luz, aquela pequena chama
Que um dia, a muito tempo
Vocês dividiram,
Se extinguiu,
E sinto lhe dizer
Que ela não renascerá.