LIÇÕES DE VIDA

Fui uma menina sem riquezas materiais

Filha de pai alcoólatra e mãe guerreira.

Do meu pai não sei quase nada,

Algumas tristezas pela ignorância e covardia

Que o venciam em rastos dos seus vícios

Heranças infelizes passadas de geração para geração

Acredito causando suas inevitáveis dores...

Levando-o com o tempo

A falecer em doença do coração.

Minha mãe

Uma mulher fascinante

Guerreira incessante

Gerou sete filhos

Em tentativa pujante

De vencer as dificuldades com amor!

Por nós em força

Transformou-se, agigantou-se,

Vencendo a própria dor

Que a vida pelos caminhos lhe semeou...

Ela sempre fora meu espelho

Em reflexos do amoroso Criador

Arrimo de Fé que nos sustentara

Em longas e sôfregas estradas

Foi assim que a vi vencer suas dores e prantos

Sempre nos ensinando que a felicidade

Vinha através de Deus!

Só precisávamos de caráter e dignidade

O resto eram conseqüências do nosso merecimento.

Assim aprendi a beleza da alma

Purificada e singela em amor de Mãe!

Conhecendo os dois lados da vida

Os sofrimentos de um pai doente de vícios

E o de uma mãe batalhadora e vencedora

Na força de um Deus onipotente!

Cresci dentro de sonhos,

Sonhos de brinquedos

Vistos apenas pelas vitrines

De vidros transparentes de ilusões

Em datas festivas...

A realidade era não ter o que comer

O que vestir... O que calçar...

Mas ainda tinha uma luz

Para os sonhos iluminarem

A esperança para a razão confortar...

O resto era a vida

Pujante e aguerrida de heranças,

Heranças tristes e felizes da minha

Afortunada infância

De ter merecido uma mãe maravilhosa

Que pelos filhos com bravura lutou

Esse é o legado que sempre nos ensinou.

Nos meus conflitos de infância

Vivi meus traumas e rejeições

Senti preconceitos

Que acumulei em sede e fome de amor!

Este era apenas o começo

Da minha história de vida

Ainda tinha minhas próprias lições.

Lições únicas vindas de amigos...

As respostas em minha vida foram ressoando...

Eu uma pedra bruta ainda a lapidar

Facetas de um destino ainda desconhecido

Cheio de incógnita entre ódio e amor!

Recolhi-me em aprendizados

Em silêncios sôfregos de m’alma

Soprados em tristes versos da minha errante poesia...

Até que a maternidade fez-me renascer

Recuperar valores perdidos

Compreender o antes não compreendido

Conhecer mãos estendidas de gestos,

Gestos doados em significado de afetos

Perdidos em meio a desafetos!

A poesia que ontem chorou

O lamento da cotovia aprisionada

Hoje veste um largo sorriso de felicidade

A emoção borbulha pelo crescimento da alma

Amparada sempre pelo verso

De um poema infinito no horizonte

Tremulo entre o céu e a terra

Crepitante de esperança!

De tantos intentos

No meio das pedras nascia uma rosa

Exalava fragrância diferenciada

Cujo perfume inconfundível

Era tua Amizade.

Fora teu o gesto

Que me sustentou ao longo

De uma íngreme escalada

O amparo de amor

Que me acolheu em noites frias

De sentimentos solitários...

Para ti sempre doarei

O verso puro da minha alma

Roubarei a poesia cálida do meu íntimo

Soltarei pétalas ao teu contentamento

Já não vivo sem ti

Esse sorriso franco

Por mim estendido em teu abraço!

Oh! Rosa amiga

Cultivo um jardim só para te ofertar

Toda a beleza do universo

Serão teus os meus mais lindos versos

Porque minha herança maior

Foi colhida do amor que me doou

Nos gestos que pela vida me confortou

Quando em suplicas de amor

Da tua amizade me embalou...

Obrigada bondoso Deus

Por me presentear

Com jóias tão raras de amigos

Preciosas fortunas que tenho certeza

As riquezas materiais me privariam de conhecer

Tive que com as lições da vida aprender e merecer!

Quis neste poema traduzir um pouco de mim, dos bens indivisíveis que conquistei por essa estrada de aventuras errantes. Bens materiais algum pagariam... Através deste dom que tem me confortado a vida em poesia, dela tem colhido tantas felicidades, dantes nunca sonhadas por mim, sempre me esmerei em doar amor porque acredito que é dando que se recebe, tem sido uma verdade. Não nego a rosa tem espinhos que ferem, mas através destas feridas é que se fazem conhecer as mais lindas flores, são as verdadeiras almas de flores, especiais pela pureza do perfume, inconfundíveis pela grandeza da alma.

Meu obrigado aos amigos reais e virtuais que tem me embargado de tantas emoções, que a cada dia me deixam maravilhada e enternecida, hoje meu coração está semeado por vossas sementes onde tenho certeza colherei os frutos, que serão heranças de ensinamentos para os meus filhos.

Abraços etéreos de amizade,

Regilene Rodrigues Neves

Em 04 de maio de 2006