O dia que foi hoje ou Do poetinha de longe.

O dia que foi hoje

Estava eu sustentando este cadáver quase moribundo em pleno ponto do coletivo, sem nada de novo nenhuma revolução na rotina maçante, enjoativa, embriagante, até que a morte os separou:

foi num dia em que eu e meu amigo de trabalho o, Galalau, fumamos um daqueles cigarros mais verdes e saborosos

pode ser uma ponte

te pára com isto, criatura de Deus!

foi um dia

abre os poros da mente

que bom que já passou

ilusão

uma onda boa

ilusão não é bom?

ou a vida deve ser certa?

esta ilusão não é legal

esta ilusão

todas são iguais

você confia

admira

depois se vê um besta

um mocorongo

que acreditou numa grande mentira

tem mentiras que são bonitas

lindas

que são melhores que verdades prontas

gosto de algumas mentiras, as fantasias

que teorias cientificas

mas fantasias de cara limpa

JA VIU UM SORRISO DE PRETO

DE PRETO, DESDENTADO,

FEDENDO A CACHAÇA,

BATUCANDO A VIDA?

ISSO É LIMPEZA

ISSO É CARA LIMPA

poetinha

preto é bonito

CARA NÃO SE LAVA DE FORA PRA DENTRO

SE LAVA DE DENTRO PRA FORA

SE ESFREGA COM UM SORRISO

UMA PISCADELA

UMA LINGUA MAL-EDUCADA

ISSO É PANO DE CHÃO E ÁGUA SANITARIA PRA LAVAR A CARA

se quiseres, podes me mandar algum texto para eu dar uma lida antes

POSSO

EU TO LENDO JOÃO ANTÔNIO

E, NO ÔNIBUS, RUBENS FONSECA

ESPERO QUE UM DIA A GENTE SE VEJA...

parceria inusitada com a gaucha Camila.

Marco Cardoso
Enviado por Marco Cardoso em 25/04/2006
Código do texto: T145030