Encontros de mãos

Um encontro de mãos é tão digno

Quanto a idéia de se encontrar

E tão discretamente benigno

Como o afago da brisa do mar

Um aperto de mãos de bom dia

De um peito ao outro conduz

O calor que das mãos se irradia

E escoa em forma de luz

O estalo das mãos espalmadas

Tem um som que os apertos não têm

E essas palmas abertas e alçadas

Põem as almas pra cima também

Caminhar com seu par de mãos dadas

Num balanço feliz e gentil

É trilhar as veredas sonhadas

Por dois sonhos que a vida uniu

Ou correr feito aquelas crianças

De mãos dadas querendo chegar

Muito além donde a vista alcança

Repartindo o primeiro lugar

Ou as mãos dos velhinhos na praça

Co´a ternura que o tempo encantou

Com seu toque de amor que não passa

Como os filmes que o vento levou

Tem a mão que visita o doente

Companheira em horas tão más

Para acariciar paciente

Essa mão tão carente de paz

Cada encontro um instante sublime

Desses gestos amigos, irmãos;

Mas um deles parece que exprime

O apogeu do afeto das mãos

É o abraço de mãos. ´Cê conhece?

Certamente, mas só pra lembrar;

De repente, a ocasião aparece

E é tão bom receber e aplicar.

É no instante em que as vozes se calam

E os olhares fugazes se vão

Que as mãos, por querer, se intercalam

Feito pétalas em um botão

Uma sua, outra minha, se unindo

Sem contar se sou eu ou você

Outra minha, outra sua, cobrindo

Como um manto que abriga o bebê

E um perfume suave e benigno

Flui das palmas pras almas do par

Pois o abraço de mãos é tão digno

Quanto a idéia de se encontrar

Wolô

wolo@mail.com