VELHO DILEMA NOVO

VELHO DILEMA NOVO

Juliana S. Valis

Injustamente, gira o velho mundo

Cruel, insípido, sem pensar em nós,

Enquanto a paz, no sonho tão profundo,

Pede o intrépido e mais veloz

Ato que possa ser sublime !

Injustamente, nada se redime,

E tudo assim se esvai na estrada

Breve, que esta vida imprime,

Em cada verso que na alma brada,

Sem calma, no universo insigne...

Ah, quem nos dera sempre a bela luz

Além dos túneis da insensatez mundana !

Quem nos dera o verso que o amor conduz,

Assim, disperso, no que a alma emana,

Superando a tristeza em cada chaga e cruz...

Ah, velho mundo das burocracias novas,

Tão estúpido e injusto quanto antigamente

E tão incongruente quanto tantas provas

Dos improváveis sonhos que essa nossa gente

Luta e guarda em seus soluços roucos !

Mecenas máquinas, eis aqui o mundo:

Dos pobres muitos e dos ricos poucos,

Dos descartáveis rótulos do produto imundo,

Tecnologicamente vendido aos loucos,

Tão normais e avarentos quanto o céu fecundo,

Tão mortais e iludidos, que se vão aos poucos !

Ah, pudéramos cantar no ápice das poesias,

E no mar da alma, declamar encantos,

Mas esse iníquo mundo das hipocrisias,

Em tantos dias, bebe nossos prantos

Em risos sós de máscaras vazias...

Mas o que será a correnteza além do mundo insano ?

Quem dissipará, no fundo, a mais incauta dor ?

Ah, quem nos dera se todo ser humano

Soubesse amar e transmitir amor.

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poema registrado por Juliana S. Valis, copyright.