Dedicatória

... Aos tristes, aos solitários, aos extraviados sem casa nem terra,

nem amos nem deuses;

a ti, que já não podes ser qualquer cousa,

a ti, que perdeste as fronteiras,

a ti, para quem a própria pele é um labirinto;

tu, que és arrincoado

que és irreconciliável

que não podes olhar para trás,

tu, para quem já não há espelhos,

nem água clara, nem horizontes,

tu, a quem não restam palavras

tu, a ti, não tenho palavras

como asas brancas que guarneçam

para te dizer, com língua de outro mundo,

que no teu fracasso és o meu cúmplice,

que só a tua derrota me acompanha...