Dialoguemos até morrer...

Diz-me Gerlon Magalhães num comentário ao meu poema «Solipsismo» (T1223180), em 11/10/2008 17:31, «parabéns ao poema, demonstra cá um grande realismo e questiona um importante paradigma atual pelo mundo: a falta de diálogo entre as pessoas.»

Mas é que, meu caro Gerlon,

eu não sou realista, não posso ser realista,

se tentar ser poeta...

Devo ser idealista.

Devo-me ao idealismo e desde ele,

cordial,

sim serei ou sou capaz

de questionar

o que hoje no mundo acontece:

ricos muito ricos,

a provocarem crises,

e

pobres muito pobres,

a sofrerem fames e sedes

antes de justiça do que de estômago,

e

no meio e meio nós,

mísera classe média,

que parecemos ricos, sem o sermos,

e não somos pobres,

enquanto sim costumamos... já é costume...

ser indigentes de quase tudo

o que faz com que os humanos

pareçam menos desumanos...

Sim, é certo, com toda a certeza:

sofremos (porque sofremos) de desdiálogo,

na família, no bairro, nos trabalhos, nos média,

nos espantos das cimeiras

entre gentes importantes

que quase nada valem

Portanto, caro amigo, dialoguemos até morrer no intento.