FINGIDOR, JAMAIS!
O poeta não está fingindo a dor que sente
Ele muito se ressente da angústia humana
Pode não ser a sua própria dor
Mas ele vai sentir do mesmo jeito
Aquele dissabor dentro do peito
Sua sensibilidade à flor da pele
Faz com que sinta a dor do semelhante
Em um jogo de emoções e sentimentos
Explora, inventa, reinventa e vive
As dores do mundo ou até as suas
Igual a um ator que representa
Veste as emoções e chora, odeia, ama e ri
Trasmutando-se em sua essência
Até ser possuído pela emoção
E há um sentimento desmedido
De quem sentiu a dor do amor ausente
A dor do desamor, da alegria e da saudade
Não é a sua dor e sim, o equivalente
Capta o sentimento comum à humanidade
E sofre e chora e lamenta com tal veracidade
Que sente em sua alma como sendo a sua dor
Então, para mim, o poeta não é um fingidor!
O inconsciente coletivo vai ser o motivo
Desta angústia tão intensa do poeta
E mais...
Se essa dor não for sua e concreta
Pertencerá a alguns pobres mortais
Dos quais ele toma para si todos os ais
Mas, daí a dizer que é um fingidor,
O poeta?
Jamais!