Um amigo de verdade

Um amigo de verdade

O amigo de verdade

Não se encontra em parte alguma

Nem perto, nem longe de si

Pois não está do lado de fora

O amigo é a necessidade de sê-lo

A necessidade dentro de nós mesmos

A urgência do contato

A ânsia do recado

O temor de estar errado

Ou de ser enganado

Mas, apesar dos revezes

e, apesar dos riscos

A necessidade persiste

Sem essa necessidade

Essa precoce saudade

Não há nada que temer

Pois nada há a perder

O amigo resgata, reata, responde

O amigo procura, insiste, se humilha

Esse amigo existe, é real

Mas, antes de refletir-se no outro

Há de ser encontrado dentro de nós mesmos

Pois a amizade é como uma ponte

Não se sustenta em uma só ponta

Ambos os lados hão de sustentá-la

Para atravessarem seus próprios abismos

Não há como atravessar tal ponte

Sem estar seguro em relação ao outro extremo

Não há como oferecer a terra firme

E o outro lado oferecer o ar

Amigo(a), sou a terra firme

Nunca o(a) deixarei cair!

Pode atravessar.

(Djalma Silveira)